A demissão do Secretário de Estado da Energia, Henrique Gomes, tem pelo menos um mérito: mostrar aos mais crentes ou distraídos que não é a razão (se é que a tem) "que faz andar o mundo"; que não basta ter umas ideias, mais ou menos justas ou correctas, sobre determinada matéria para se ser um bom governante. É preciso algo mais: ter noção da relação de forças existente, a cada momento, e saber negociar e criar as condições políticas para que essas ideias possam ser, total ou parcialmente, implementadas. Normalmente, é muito isso que distingue técnicos e académicos de políticos e, por exemplo, Maria de Lurdes Rodrigues, sem relevante experiência política anterior, também provou do mesmo veneno no primeiro governo de José Sócrates.
E não adianta culpar "lobbies", partidos e etc, pois aqueles representam interesses legítimos, a política é exactamente a arte de saber geri-los e, em democracia, os partidos a forma institucional fundamental da sua representação. E é bom que tenhamos consciência que em ditadura todos estes processos se desenrolariam mais ou menos de forma idêntica, mas fora do nosso escrutínio e sem que pudéssemos fazer quaisquer escolhas eleitorais em função da opinião formada.
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