Gostei de ouvir ontem António Costa, na "Quadratura do Círculo", afirmar que esperava o PS não votasse hoje contra a proposta do PSD de reforma na divisão administrativa do território (estou a citar de cor). Tem toda a razão António Costa, e legitimidade acrescida para o afirmar, ele próprio e o seu partido pioneiros no caso da reformulação das freguesias de Lisboa, com a colaboração do PSD.
De facto, e se alargada aos concelhos, está é uma verdadeira reforma estrutural e não faria qualquer sentido, nem os portugueses perceberiam, que tendo o PS apoiado o acordo de concertação social - cujo conteúdo, em grande parte, contraria a matriz ideológica do partido - se recusasse agora a negociar um tema ideologicamente, embora não politicamente, bem mais inócuo. Mais ainda: seria também importante que o PS incluísse nas negociações a reformulação dos concelhos e, tal como afirmou ontem António Costa, a organização e funções das áreas metropolitanas. E que da parte de PS e PSD existisse algum esforço para incluir o PCP, uma força autárquica relevante, nas negociações, embora todos tenhamos consciência das dificuldades de tal tarefa.
Mas eis também aqui um assunto em cujas negociações o Presidente da República poderia ter um papel decisivo. Poderia... já que num país em que o "lobby" autárquico é poderoso, me parece o assunto queima demasiado para Cavaco Silva se querer envolver. É que poderia bem acontecer que nos seus roteiros tivesse que voltar para trás várias vezes.
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