"Aquilo que quero dizer com muita clareza é que para mim, o compromisso é com os portugueses e com os problemas dos portugueses" - António José Seguro.
Há que explicar a António José Seguro, em primeiro lugar, que isso de apelar directamente ao povo é coisa de caudilhista, atitude demagógica e de perversão democrática que fica muito mal a quem é líder de um partido social-democrata, mais a mais europeu e estruturante do regime político português. Para além disso, como líder desse partido e candidato futuro a primeiro-ministro e não a um qualquer cargo de natureza e perfil unipessoais, importa lembrar-lhe que o primeiro-ministro e o governo, segundo a constituição da República, dependem do parlamento, para o qual são eleitos deputados apresentados pelos vários partidos políticos, entre os quais o seu Partido Socialista. Isto, independentemente de não se esgotar aí a intervenção eleitoral partidária, pois existem eleições também para o parlamento europeu e ainda autárquicas, estas não se esgotando na intervenção dos partidos mas onde a sua importância é decisiva. Significa isto também que, como conclusão, antes de apelar directamente aos portugueses o secretário-geral do PS deve preocupar-se em garantir que o partido que dirige e em nome do qual virá a candidatar-se se apresenta ao eleitorado com uma linha política estratégica e um programa claros, nos quais os portugueses possam confiar, e que existirão garantias de consistência suficientes para que, independentemente de naturais e saudáveis divergências de opinião internas, esse programa possa, nas suas linhas essenciais, vir a ser implementado. Este será o seu dever mais imediato e urgente. É que com este seu apelo directo aos portugueses, o que Seguro está, no fim de contas, a demonstrar é um enorme desprezo pela democracia e pelo partido que o elegeu como secretário-geral. Acho bem que arrepie caminho...
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