quinta-feira, março 29, 2012

Hipocrisia e falta de memória

Para os de pouca memória e muita hipocrisia, há que lembrar como se chegou a este estado vergonhoso e a esta atmosfera irrespirável que envolve as arbitragens e, por consequência, o futebol português:
  1. No final dos anos 70 do século passado, foi o FCP que, aproveitando uma conjuntura política, económica e socialmente favorável, incluiu o domínio da arbitragem na sua estratégia de hegemonização, a qualquer preço, do futebol português, tendo Pedroto como ideólogo, Pinto da Costa como "padrinho" e alguns homens de mão, como Adriano Pinto e outros, actuando no"back office". Claro que sempre se discutiram as decisões dos árbitros, mas não me lembro, antes dessa época, da suspeição atingir, nem sequer de longe, os níveis insuportáveis do "post-anos 70. Quem semeia tempestades colhe terramotos e "tsunamis".
  2. Grande parte da responsabilidade da actual situação cabe às televisões, que, detentoras do poder que lhes é proporcionado por transmissões com dezenas e câmaras e recurso fácil a movimentos lentos e imagens virtuais, o usam, nos tais programas dos "três estarolas" (a feliz expressão é de Jorge Baptista, comentador da SIC), com recurso a gente trauliteira de baixa qualificação moral e intelectual, para acicatar ânimos, promover o obscurantismo futebolístico e, claro, lutar pelas audiências. Infelizmente, é este tipo de gente e de programas que, apesar do actual esforço de seriedade da SportTV, definem os padrões do comentário desportivo dominante em Portugal. A promoção que televisões e jornalistas(?) fazem ou fizeram de gente como Pinto da Costa e Valentim Loureiro, este responsável por atirar para a falência um clube centenário e prestigiado em troca da sua promoção pessoal, deveria fazê-los corar de vergonha de cada fez que, agora que as coisas quase atingiram proporções incontroláveis, criticam o ambiente que eles próprios acabaram por gerar.

8 comentários:

Anónimo disse...

Subscrevo o ponto 1 com a justa ressalva dos níveis desportivos atingidos pelo FCP ao ponto de, por duas vezes, ganhar tudo que havia a ganhar no mundo!
Logo, há uma altura em que bem podia prescindir de interferir nas arbitragens tal o descalabro das efémeras e incompetentes lideranças da 2ª Circular, “peanuts” para um campeão do mundo com a direcção mais estável da liga.

Quanto ao ponto 2 opino que as televisões deveriam estar a dar assistência ao video-árbitro matando pela raiz os programas de paineleiros estarolas.

POR FAVOR, FIFA, UEFA e FPF convidem o camarada Roger Goodell para uma palestra sobre como um sistema “comunismo” puro de 32 equipas se transforma na liga profissional mais competitiva e lucrativa do mundo e onde a televisão não é um festival de orgulho de paineleiros mas um “big brother” em que os árbitros têm de fundamentar “live” as suas decisões e até sujeitar-se “on the fly” ao “challenge” da equipa prejudicada das lances decisivos

Mesmo as Federações internacionis de “rugby” também já deixaram de se queixar face à superveniência do visionamento vídeo.

Na verdade, é de um anacronismo inaceitável que um espectador com tablet no estádio possa visionar e julgar o lance no momento e o mesmo seja recusado os árbitros.
Porque será ? Eu calculo mas não digo por sentida homenagem à conspirativa rubrica "Coisas de Gajo".

Quanto ao Boavista, lembro que um recente acórdão lhe concede razão e cuja consequência pode passar pela reintegração na 1ª Liga. Sinto muito que este clube tenha deixado de ser mais um a competir com os grandes atenuando assim as queixas sobre uma Liga de Feirenses e Olhanenses como desculpa nos fracassos europeus dos grandes. Tudo teria a ganhar com um Boavista forte e não acho que as culpas se centrem apenas no Major.

Cumprimentos

JR

JC disse...

1. Sim, claro, mas duas ressalvas: a)o difícil foi vencer a inércia inicial, fazer a máquina arrancar. O resto veio por acréscimo. b)depois adquirem-se vícios, um "way of doing the things" que é difícil modificar, mesmo quando o "output" já é apenas marginal.
2. Conheço bem o "rugby", e, como sabe, no "rugby" apenas se recorre ao vídeo-árbitro, e sempre por indicação do árbitro principal, quando este tem dúvidas sobre a efectiva validade de um ensaio. Penso que no futebol tal poderia ser feito quando o árbitro tivesse dúvidas, e apenas nesses casos, s/ a legalidade de um golo. E ponto final, já que o jogo não poderia passar a vida a ser interrompido, tal como o rugby, apesar de tudo um jogo c/ mais interrupções, sempre que o árbitro tivesse dúvidas sobre um lance. Do futebol americano não falo, já que o desporto nada tem a ver com o futebol (soccer)e não vejo alguns princípios poderiam ser importados.
3. Há que separar duas coisas, no caso do Boavista. Independentemente do acordão, que tem que ver c/ irregularidades no campo desportivo, o clube estava, e está, falido. Mesmo que não tivesse sido penalizado desportivamente, nunca se teria conseguido manter como clube profissional, muito menos c/ o nível que tinha alcançado nos últimos anos. Nem o terá agora.Certo?
Cumprimentos

Anónimo disse...

a velha obsessão pelo puerto...

PC

JC disse...

Não é obsessão, é a realidade histórica.

pois disse...

Engraçado, a relaidade histórica só ter iniciado no final dos anos 70 - talvez só mesmo em 77/78 - anteriormente não existia realidade, poruqe era tudo ficção.

gps disse...

O tráfego de influências existe em todas as profissões e em todos os país. Não estou a defender, estou a constatar. E o FCP não deverá ser o único visado.

Por exemplo: Sempre tive a impressão que o Lucílio Baptista era pró-Sporting, mas no final da carreira fiquei com a sensação que passou a ser pró-SLB.

Por outro lado, as generalizações são sempre perigosas, nomeadamente quundo utiliza expressões como "gente trauliteira de baixa qualificação moral e intelectual"

JC disse...

Claro que tráfico de influências e pressões sobre os árbitros sempre existiram (e vão existir). Mas a forma estruturada e estratégica que assumiu a partir do final dos anos 70, com o FCP,marca claramente o início de um novo tempo (a resposta serve p/ o gps e "pois").
Só para o gps: Não pessoalizo a questão, por isso não faço ideia se o árbitro que cita é pró-SLB, SCP ou Alhos Vedros FC. Quanto às "pessoas c/ baixa... etc" refiro-me às que integram aqueles painéis idiotas em que só se discutem arbitragens, foras de jogo do "pentelho" e penalties um ou dois cm dentro ou fora da área. Não tenho qualquer consideração por essa gente.
Cumprimentos

pois disse...

Caríssimo,

Não se tratará, em vez de um "início de um novo tempo", do fim de um outro tempo?

E já agora, nunca equacionou ser a estratégia do Mágico PORTO, não uma ACÇÃO estratégica mas uma REACÇÃO ao "domínio" que lhe era imposto?

Perca com o Braga e ganhe ao Chelsea.

PS Peço desculpa pelos consecutivos defeitos de digitação do meu anterior comentário