sexta-feira, março 27, 2009

Segurança, criminalidade e o "povo da SIC": um país de tristes!

Nada melhor do que os chamados “fóruns de opinião” para auscultar o que pensa o “povo da SIC”. Esta manhã lá resisti, enquanto pude (uma boa ½ hora de esforço), ao fórum da TSF, hoje sobre segurança e criminalidade o que é algo que, à partida, desencadeia os sentimentos mais primários e, desculpem-me a expressão, trogloditas do “bom povo”.

Três notas que retirei, para além da costumeiro megafone que tal oportunidade constitui para as associações das forças de segurança clamarem por mais meios (então e as novas pistolas para os “meninos” treinarem na cabeça de pretos, ciganos e brasileiros?) e o dito “povo da SIC” demonstrar a mais abjecta xenofobia, atentar contra o estado de direito democrático e os direitos, liberdades e garantias que estão na sua essência:

  1. As forças de segurança, em vez de andarem na “caça à multa” por os automobilistas excederem a velocidade limite ou pisarem o traço contínuo, deveriam, isso sim, perseguir a criminalidade (sic). Conclusão: não tem qualquer importância a infracção da lei desde que seja eu (eles) a fazê-lo. Mesmo que a infracção da lei (neste caso o “código da estrada”) ponha em risco a vida de inocentes. A minha, por exemplo. Fiquei esclarecido.
  2. Quando oiço a veemência contra os criminosos, os políticos (que para o “povo da SIC” são uma e a mesma coisa), os árbitros, os banqueiros, os imigrantes, etc, etc e depois verifico a condescendência com que são tratados os “heróis” que prevaricam, tais como os jogadores de futebol profissionais que esmurram árbitros e seleccionadores com a justificação de que “coitado, teve um mau momento mas já deu muito ao desporto português”, o batalhão de inúteis que preenche as páginas das revistas cor de rosa, muitos deles não pagando um cêntimo de impostos aos Estado para ajudar a colmatar a tal – hipotética – “falta de meios”, ou os autarcas suspeitos de actividades ilícitas que são orgulhosamente reconduzidos nos seus cargos por votação popular, também concluo que sim senhor: penas duras para os que prevaricam desde que não sejam “os nossos”. Aqueles de quem, por uma ou outra razão, gostamos e nos sentimos próximos.
  3. “O Estado – uma cambada de inúteis - só serve para cobrar impostos e não dá às polícias condições para zelarem pela nossa segurança”. Interpretação: “não gosto de pagar os meus impostos e sempre que posso não o faço. Deixa-me lá arranjar uma boa desculpa, para mim próprio, que o justifique”.

Ita missa est!

7 comentários:

ARISTIDES DUARTE disse...

Embora nem sempre de acordo consigo, concordo com este "post".
Só que, também é verdade, o povo anda farto de certos políticos e banqueiros que só os têm enganado.
Depois, a justiça é o que é. Admiro-me que o Governo tão rápido a resolver outros assuntos (como os da Educação, segundo dizem) não resolva, de uma vez por todas, este "cancro" que é a justiça, em Portugal.

JC disse...

Tá a ver, Aristides. Ora aqui está algo em que estou de acordo consigo e em desacordo c/ o governo (este e outros anteriores): nunca nenhum deles conseguiu que a Justiça funcionasse de modo, pelo menos, razoável.

ARISTIDES DUARTE disse...

Mas por que é que este governo não resolve isso da justiça?
Essa é a questão. Porque a Educação resolveu (segundo dizem)

JC disse...

Porque, apesar da maioria absoluta no parlamento, não tem força política suficiente para o fazer no terreno, pura e simplesmente. Mesmo no caso da educação - que não resolveu inteiramente, apenas desbravou algum caminho e avançou um pouco - teve e tem imensas dificuldades. A política, caro Aristides, é a arte do possível, e do outro lado (profs, aparelho judicial, etc) há grupos profissionais c/ interesses e objectivos próprios por vezes antagónicos com aqueles a que o governo se propõe. E, claro, embora em um dos lados esteja a chamada autoridade do estado,em democracia não se pode funcionar apenas c/ a força.
Cumprimentos

ARISTIDES DUARTE disse...

Ahh Ahhh Ahhh
Mas nos professores funcionou, ou não? essa cambada de reles professorzecos rendeu-se ou não?
Os papás não estão felizes com os seus Magalhães (mesmo que os filhos passem sem saber, por ordem do Governo)?
Porque não funciona na Justiça?
E , já agora, nas Forças Armadas?
Porque "o poder está na ponta das espingardas"?
Não me venha com a história das corporações, que essa já não pega.

JC disse...

Funcionou? Claro que não! Várias vezes o governo teve de dificuldade em avançar, viu-se obrigado a recuar e negociar.

ARISTIDES DUARTE disse...

Caro amigo: se você fosse fosse professor saberia do que eu estou a falar.