Uma hipotética candidatura vencedora de Portugal e Espanha ao Mundial de 2018 não terá qualquer impacto na rentabilização dos estádios construídos para o Euro 2004; apenas se utilizariam os estádios dos três grandes, que não precisam disso para se rentabilizarem, e, possivelmente, mais um (Algarve?), e não seria por aí se realizarem mais dois ou três jogos que ele seria rentabilizado.
Mais: sem ter números para afirmar o que digo, arrisco que o valor de um tal evento para o turismo seria – tal como o foi com a realização do Euro 2004 – relativamente residual, já que, hoje em dia, existe uma indústria de viagens a operar neste tipo de realizações que se limita a transportar as pessoas para verem os jogos, poucas sendo as que aproveitam a deslocação para outro tipo de actividade turística complementar que não seja "emborcar" umas cervejas. Mais ainda, não me parece que a muito abstracta promoção do país, tantas vezes, nestes casos, propagandeada, tire de eventos deste tipo benefícios claros e sustentáveis.
Bom, tendo dito isto penso que os benefícios de uma candidatura conjunta Portugal-Espanha estarão muito mais perto de uma questão pouco ou nada tangível do que de qualquer outra coisa mais directamente mensurável: o aprofundamento da colaboração e cooperação política e institucional entre os dois países ibéricos e o acentuar da imagem da Península como um grande mercado e espaço únicos (o que em parte já é) multifacetado nas suas várias nacionalidades em termos culturais e linguísticos. Para já, penso que apenas a Espanha o percebeu.
É exactamente por esse motivo que – e já por aqui o tenho dito – a única das grandes obras públicas previstas que efectivamente tem uma justificação política e estratégica – e que defendo - é a ligação por TGV Lisboa-Madrid, claramente aquela que se revela de mais difícil rentabilização económica. Um aviso para as vistas curtas daqueles que têm da política uma visão puramente contabilística.
Eu sou o Gato Maltês, um toque de Espanha e algo de francês. Nascido em Portugal e adoptado inglês.
quarta-feira, janeiro 14, 2009
A candidatura conjunta ao Mundial de 2018 e os benefícios não tangíveis
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário