"Once Upon A Time In The West", de Sergio Leone - sequência inicial
Idem - sequência final
Duas das mais notáveis sequências do cinema em que a música e os sons, os ruídos de ambiente tornados obsessivos e elemento significante, assumem uma importância decisiva estão num mesmo filme, mais propriamente no seu início e final.
Na sequência inicial são esses ruídos que se tornam o elemento sonoro exclusivo durante muito tempo e nos preparam para o climax da acção (embora eles próprios, esses ruídos, constituam já acção e ajudem a definir personagens): em 6.06’ minutos de duração total da sequência eles preenchem os primeiros 3.30’ (uma eternidade em cinema), surgindo então a música - mas quase como, ela própria, também mais um ruído que rompe e irrompe da paisagem - e a palavra, esta apenas passados 4.20’ mas reduzida a um mínimo indispensável. Pouco antes do final da sequência surge novamente o ruído (o moinho de água) como elemento obsessivo, confundindo-se, contudo, com a música de Morricone, cujos acordes já ouvimos, como para nos lembrar, uma vez mais, que por enquanto o papel essencial ainda é dos ruídos, dos sons ambiente, embora a música nos deva ficar já gravada na memória, em simbiose.
No final, só a música, a música de Morricone. Quando em muitos momentos semelhantes, em outros westerns, se prefere o silêncio. E é a música, apenas a música que a personagem que pergunta só ouvirá na sua memória, que responde à interrogação que justifica todo um filme, e nos remete finalmente para os acordes já ouvidos na sequência inicial.
Ah, o filme chama-se “Once Upon A Time in The West” e é o western operático por excelência (vejam, para além do papel da música, as marcações teatrais!). Italiano, pois claro!
Na sequência inicial são esses ruídos que se tornam o elemento sonoro exclusivo durante muito tempo e nos preparam para o climax da acção (embora eles próprios, esses ruídos, constituam já acção e ajudem a definir personagens): em 6.06’ minutos de duração total da sequência eles preenchem os primeiros 3.30’ (uma eternidade em cinema), surgindo então a música - mas quase como, ela própria, também mais um ruído que rompe e irrompe da paisagem - e a palavra, esta apenas passados 4.20’ mas reduzida a um mínimo indispensável. Pouco antes do final da sequência surge novamente o ruído (o moinho de água) como elemento obsessivo, confundindo-se, contudo, com a música de Morricone, cujos acordes já ouvimos, como para nos lembrar, uma vez mais, que por enquanto o papel essencial ainda é dos ruídos, dos sons ambiente, embora a música nos deva ficar já gravada na memória, em simbiose.
No final, só a música, a música de Morricone. Quando em muitos momentos semelhantes, em outros westerns, se prefere o silêncio. E é a música, apenas a música que a personagem que pergunta só ouvirá na sua memória, que responde à interrogação que justifica todo um filme, e nos remete finalmente para os acordes já ouvidos na sequência inicial.
Ah, o filme chama-se “Once Upon A Time in The West” e é o western operático por excelência (vejam, para além do papel da música, as marcações teatrais!). Italiano, pois claro!
5 comentários:
"ONCE UPON A TIME ON THE WEST" é o melhor filme de Sergio Leone, o melhor Western de sempre (ultrapassa todo e qualquer "clássico" americano do género) e há muitos anos que tem presença obrigatória no meu TOP 10, independentemente das oscilações relativas do mesmo.
Ah, e tem também uma das mais memoráveis partituras musicais (e sonoras) da autoria do Ennio Morricone.
Já perdi a conta às dezenas de vezes que saboreei, calma e prazenteiramente, este filme eterno.
Quem gosta de cinema e nunca viu esta pérola, que se apresse, pois vive culturalmente em pecado mortal.
Obviamente "IN THE WEST" e não "ON THE WEST". Sorry pelo teclado.
Assino por baixo, Rato, está bem de ver!
Um dos mais impressionantes e espectaculares começos de filmes que o cinema regista. Não vou entrar em banalidades e vou buscar uma cena,quase no final do filme, com a espantosa CLaudia Cardianale e o Jason Roberts
Fala de Jason Robards, no papel de Cheyenne: “Sabes que mais? Se eu fosse a ti, ia ali dar de beber aos rapazes. Nem podes imaginar como um homem se alegra por ver uma mulher como tu. Só de olhar para ela. E se um deles te der uma palmada no rabo… faz de conta que não foi nada. Ganharam o direito a isso”.
Depois de matar Henry Fonda no papel de Frank, Charles Bronson, o homem da gaita, entra em casa e Claudia Cardinale sorri e Sergio Leone, implacável de doçura, fixa-lhe a expressão dos olhos, enquanto, em fundo, se ouve a música de Enio Morricone.
“- Espero que um dia voltes, diz ela.
- Um dia, diz ele.”
...e depois ela sai mesmo, e percorre, sensual e de olhar matreiro, as filas dos homens espalhdos pelo chão, enquanto a grua sobe e a panorâmica se abre. Lindo de morrer, Hugo...
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