Nos anos sessenta, início dos setenta, a Av. de Roma, Praça de Londres, eram território de gente jovem: os seus primeiros habitantes teriam então não mais de quarenta ou cinquenta anos e os filhos eram crianças que brincavam numa rua, nos pátios das garagens ainda com poucos carros, adolescentes ou jovens adultos que se reuniam nos cafés esperando nunca chegasse a vontade de estudar ou se aproximasse a hora da namorada, do “Em Órbita” ouvido a portas do quarto bem fechadas já que nas casas imperava o conflito de gerações que impedia que se ouvisse música alto, jogasse póquer até altas horas, falasse alto e bom som de uma nova sexualidade descoberta a custo e também a custo e às escondidas desbravada.
Hoje é área envelhecida. Os seus primeiros habitantes vão pelos oitenta ou já desapareceram, os netos, quase todos, partiram para outras áreas pois as casas disponíveis são ainda poucas e caras e o filhos, os que por lá ficaram, agora reformados, continuam já velhos a viver nas esplanadas como se novos fossem, não tendo descoberto o segredo sábio do envelhecimento de uma geração que inventou a juventude. Adeus glamour!
Hoje é área envelhecida. Os seus primeiros habitantes vão pelos oitenta ou já desapareceram, os netos, quase todos, partiram para outras áreas pois as casas disponíveis são ainda poucas e caras e o filhos, os que por lá ficaram, agora reformados, continuam já velhos a viver nas esplanadas como se novos fossem, não tendo descoberto o segredo sábio do envelhecimento de uma geração que inventou a juventude. Adeus glamour!
9 comentários:
Caro JC:
O lado da cidade onde vivi não era longe da Avª de Roma mas era um outro território. Íamos lá sssim como se vai a Paris: Olhar, deliciar e invejar. Um outro mundo. Anos mais tarde estavam por ali os tascos que se encontravam abertos até de madrugada: o Alfredo, já não existe, "A Alga" e o "Pote", que ainda lá estão.
Apesar de o "glamour" não ser o mesmo, ainda gosto de andar por lá. Nem que seja pela "Barata", ou pela esplanada da "Mexicana". Ainda no sábado, para oas anos da minha neta, foi apenas na "Romeira" da Avª de Roima que enecontrei girassóis. Nada baratos, é certo, mas como dizia o outro, quam quer saúde, paga-a!
Há uns bons 20 anos, numa casa de tias do lado esquerdo de quem vai a caminho da Praça de Londres, agora não recordo o nome da casa, mas também têm uma outra loja na Avª da Igreja, comprei uma lindissima toalha de mesa para o jantar de Natal que ainda hoje é um autêntico "glamour"
A Mãe dos meus filhotes vivia na Avenida de Madrid e eu passei a vida na zona. Estudávamos todos os dias na Pastelaria Madrid, com excepção da 4ª feira. Íamos então para a Cinderela ou Zurique (menos, porque era mais cara) e/ou na pastelaria da esquina da Padre Manuel da Nóbrega. Tenho de lá ir ver o nome, que já me esqueci! Às vezes, também íamos à Capri ou à Roma ou à Mexicana, ou ao Tic-Tac ou à Suprema ou ao Vává, etc, para variar um pouco.
Restaurantes eram o Cunha, o Paris, o Pote, pouco mais.
A Mãe dos meus filhos ia à Ferrari comprar as mini-saias, enquanto eu ia aos discos na Roma ou na Sinfonia.
Apanhava o 3 (Miguel Bombarda) para regressar a casa (Rodrigo da Fonseca).
Quando já não era hora, metia-me no táxi e dizia ao motorista: "rodrigo da fonseca, se faz favor, mas quando chegar a 3$50, pare que continuo a pé. Não tenho mais dinheiro".
"Deixe lá, dá-me o dinheiro, não baixo a bandeirola e levo-o até casa".
Meu Deus! Quantas histórias!!! E a Polícia a cercar a casa do João Salgueiro? E a loja de brinquedos de um dos tipos do Em Órbita e o jardim (agora chama-se Fernando Pessa) onde se namorava tão bem...
Ui! Quantas histórias!
LPA
Ah! Esquecia-me. Como vivemos numa aldeia, a Teresa vive na avenida de Paris... É o destino!
LPA
A Pastelaria é a "Conderela", caro "Ié-Ié", fabricava uns dos razoáveis Bolo-Rei da cidade. Ainda lá está mas o bolo-rei está no limite do intragável. No outro quarteirão, a dar já para a Avª Almirante Reis, era a Cervejaria Munique, um razoável bife. Já me tinha esquecido das "bandeiradas". Grandes histórias que isso dava!...
Nasci em Campo de Ourique,ao lado do Europa (R. Almeida e Sousa)mas vivi mtºs anos na Av. de Roma, que já deixei tb há mtºs. A minha mãe ainda vive lá, perto da Av. dos EUA, e uns tios moraram um pouco mais abaixo. Por isso a zona é-me familiar. Na passagem de ano,o dono do Vává (o Sr. Petróneo) fechava o café em exclusivo para o grupo dos meus pais e tios fazeram lá o reveillon! E no tempo s/ multibanco descontava-nos cheques aos sábado, quando nos esqueciamos de ir ao Banco na 6ª (ou decidiamos não ir porque estava mtª gente). Mas nunca frequentei mtº os lados da Av. Madrid e Paris, ou o Areeiro. Mais a Praça de Londres, por vezes (Mexicana e Las Vegas - tb o bowling, onde hoje é o cinema Londres) e a Barata. Mais tarde (já jovem adulto) o Paris-Orly, um pub que existia na esquina da João XXI. E a Roma discoteca, claro! Como se chamava aquela rapariga que acho era filha do Simões Nunes, do dono?Uma das últimas empregadas está agora no El Corte Inglés! Curiosamente, nunca namorei mtº por ali, excepto num caso ou outro.
Ah, mas o Alfredo e a Alga eram poisos certos à noite, 2 x por semana,a seguir aos treinos de rugby (não parece mas joguei, tal como o meu irmão e depois o meu filho). Mas, confesso, não tenho grande nostalgia da zona, contrariamente a muitos dos que por lá passaram. Hoje parece-me mtº decadente. Quem eu conhecia dali, ligados à música, eram o Duarte Mendes e o Tó Queimado, mas não vejo ambos há séculos
Abraço
Passei hoje a tarde num 8º andar da João XXI no escritório do Nuno Faria (Afonsinhos do Condado, A&R da Polygram, produtor executivo). Meu Deus, que vista! E lá fui ver o café que me faltava e que me tinha enganado: o que está na esquina pró Areeiro é o "Cinderela" e o que está na esquina, ou quase, com a avenida de madrid é o "Florida", que também ainda existe.
Além do Nuno Faria, também Hugo Maia de Loureiro vive por ali.
O prolongamento da XXI faz agora 40 anos. E os bilhares no Londres? E os discos na Canasta? E? E? E?
LT
O meu pai conhecia bem a família Maia de Loureiro. E os discos da Sinfonia? Foi lá que comecei por comprar disos, se bem me lembro, e numa outra discoteca no Marquês de Pombal chamada, salvo erro, "Sol & Dó". A Sinfonia era um antepassado das lojas multimedia: vendia discos, livros, material escolar, jornais e revistas, etc.
Exactamente! No ié-ié há historietas sobre essas discotecas todas.
LT
A Avenida de Roma também fez parte do meu mundo. Ou melhor, continua a fazer, pois quando me dá a nostalgia vou para lá deambular um bocado, mesmo à custa de desilusões comparativas.
Sempre que vinha de férias à metrópole com os meus pais ficávamos no prédio por cima do então chamado "Tutti Mundi" - a entrada era junto a uma casa de artigos chineses (nada a ver com as que hoje abundam um pouco por todo o lado). Vivi lá os meses dos Verões de 69, 71 e 73.
Depois do regresso definitivo, em Dezembro de 74, foi ainda para lá que fomos viver. Foi a última estadia, que se prolongou até ao célebre Verão de 75. Todos os dias da semana fazia a pé toda a Avenida, desde o Tutti Mundi ao Técnico. Pontos de referência: o café do Cinema Império (quantas aulas do IST foram trocadas por aquelas duas salas escuras...), a Mexicana, o Cunha (e uma tascazinha que ficava mesmo ao lado, à esquerda, onde o meu pai adorava ir comer o seu bifito), a Pastelaria Roma (a da frente, a Capri, era a preferida da minha mãe), os cinemas Londres, Roma e Vox, a Barata e a Bertrand, uma cervejaria que ficava numa transversal, antes de se chegar à Sinfonia (ainda há tempos lá almocei, naquele balcão corrido) e, claro, a Valentim de Carvalho, onde o nosso Daniel se perdeu de amores pela Fernandinha.
Era realmente uma Avenida fabulosa, sobretudo para quem lá viveu.
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