quarta-feira, outubro 25, 2006

Rui Ramos e a "Crise do Suez"

Em artigo publicado no “Publico” de hoje (não linkável), Rui Ramos, historiador e uma das mais promovidas estrelas em ascensão da direita intelectual, afirma, a dado ponto, sobre a crise do Suez em 1956, que a intervenção franco - britânica dividiu o campo ocidental (o que está correctíssimo), “com os EUA irritados com o unilateralismo europeu”. Pois é, o querer “à força” justificar algumas das opções actuais dos seguidores da política externa da administração W. Bush com os factos passados tem destas coisas... Convenhamos que para um historiador explicar a História com o “bom ou mau humor” dos EUA, ou de qualquer outro país, é, pelo menos, insuficiente... A questão foi bem outra, e se esse unilateralismo “irritou” os EUA (ou melhor, se os EUA discordaram dessa intervenção) isso deveu-se pura e simplesmente a uma contradição política: a intervenção da França e da Grã Bretanha foi uma das últimas tentativas de afirmação dos respectivos impérios, e os EUA apostavam já no fim desses mesmos impérios e na divisão com a URSS dos seus despojos, sob a forma daquilo que se veio a chamar o neocolonialismo. Pois "que" não foram os “humores”; foi, e é, sempre, a política!

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