segunda-feira, outubro 09, 2006

História(s) da Música Popular (6)


Entre os já citados “pretos e brancos”, e no caso dos primeiros, não poderia acabar sem passar pelo “muito lá de casa” (como diria João Bénard da Costa) Antoine Dominique “Fats” Domino, nascido lá para os idos de 1928 ou 1929 que nestas coisas isso nunca se sabe lá muito bem. “Muito lá de casa” porque bem me lembro dos seus primeiros discos, comprados pelos primos mais velhos tinha eu ainda idade para ser um ignorante destas coisas, mas também por ser o único que vi “ao vivo”, num Coliseu dos Recreios para aí com um terço da lotação ocupada, nos também idos finais de setenta do século passado. Também porque bem conheço a sua cidade natal, a New Orleans de Bourbon Street, do “Gumbo” e da “Jambalaya”, da Blanche do “Streetcar” e, principalmente, de “Champion” Jack Dupree e do “Professor” Longhair cujo estilo se vê, ou ouve, “à légua” em “Fats” Domino. “Fats” é também de todos o mais antigo nestas vidas, sendo já reconhecido na comunidade negra desde 1949 quando assinou o seu primeiro contrato com a “Imperial Records”, com Dave Bartolomew como produtor que é também co-autor da maioria das suas composições, e gravou “The Fat Man”. Mas o diabo aparece sempre nestas coisas (mais a mais em terra de rituais voodoo trazidos da “Hispaniola”), é o clean cut Pat Boone que o lança para a fama, ao gravar em 1955 uma versão mass market de "Ain’t it a Shame”. A versão é de facto uma vergonha, mas chega a nº1 no hit-parade enquanto a de “Fats” Domino se fica pela 10ª posição. Mas é o início do sucesso, já que muitos brancos preferem a versão original. Nos cinco anos seguintes, “Fats” vê “Blueberry Hill” chegar a nº 2, “I’m Walkin’” a nº 4 e por aí fora. Correu o boato de que tinha desaparecido com o malfadado "Katrina"... Mas está aí, vivo, embora de saúde precária. Mas os génios não desaparecem; ficam connosco para sempre. Comprei em Portugal, em tempos, uma antologia (4 CD’s) das suas gravações para a “Imperial Records”, cobrindo o período de 1949 a 1962 “They Call Me The Fat Man”, chama-se. Se por aí ainda existir, go for it!

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