Tenho a Drª Ferreira Leite na melhor das contas (à parte esse pequeno problema de ser do Sporting), o que me fez sempre acreditar que o seu “falhanço” no governo Durão Barroso se terá devido mais a questões globais do funcionamento do próprio governo do que a ela própria. Por isso me custa um pouco ler estas suas afirmações.
Três notas:
- A questão das funções do Estado é política, e portanto não custa nada a quem não tem essas responsabilidades, e MFL actualmente não as tem, pelo menos de primeira linha, dizer algo que sabe ser politicamente inviável, desde que em termos técnicos isso faça algum sentido (e o que MFL diz até pode fazer algum sentido).
- Independentemente de considerações ideológicas, que por a questão ser política também fazem aqui todo o sentido, reduzir o Estado, em Portugal (e agora estamos já a falar de política, do real concreto), às meras funções de soberania faria cair o país numa crise política, social e económica sem precedentes. Penso ser inviável em democracia.
- Quanto a “introduzir no Estado critérios de gestão empresarial” (adaptando-os às funções deste, claro está) não poderia estar mais de acordo. Mas uma pergunta: a que critérios de gestão empresarial nos estamos a referir? Aos das multinacionais e de algumas das empresas portuguesas melhor geridas (normalmente as maiores ou em sectores de “ponta”) ou a uma multidão de empresas, maioritárias em Portugal, tão mal ou pior geridas que o Estado? É que se reconheço a muito má gestão do Estado, em termos médios, é conveniente que não se tome a nuvem por Juno e não se identifique, erradamente, a qualidade de gestão de algumas empresas de excelência com o modo como são geridas, em Portugal, a grande maioria das empresas privadas.
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