Pronto, confesso, tenho um problema: não consigo dizer mal da “Drª Fátima” (é assim que os entrevistados ou “convidados" a tratam). Não que já não tenha arduamente tentado rebuscar coragem lá no fundo do cérebro ou da alma, indagado antepassados em sessões de espiritismo, antigas namoradas com vagas semelhanças físicas, mas nada. “Prontos”, resta-me confessar esta fraqueza: que raio, um homem também não é perfeito. É que já andei pelos livros do doutor Segismundo buscando explicações, consultei psicólogos encartados, busquei no passado razões para não o fazer, tentei lembrar-me mesmo de traumas de infância e não encontro explicação. É que já começo mesmo a ter problemas, pois no meu círculo mais reservado, entre amigos e família, o assunto já é glosado em tons e dons de meia voz, imaginando cenas impróprias ou elucubrando, sabe-se lá, actos de intimidade chocante. Mas não: juro! Não que seja um espectador assíduo, exceptuando quando de Economia se trata que é assunto que me toca mais de perto, ou quando alguém mais interessante por lá vai debitando, mas isso torna-se cada vez mais raro e até já consegui ver o Dr. Beleza, pessoa que admiro e respeito desde os tempos lá da escola, “piropiar” a Drª Costa Lobo, fazendo triste figura. Confesso que aí hesitei, achei que o programa tinha esse “dom”, de transtornar as pessoas mais sensatas transformando-as por vezes em afoitos Porfírios Rubirosas, mas logo me arrependi. Se por acaso o programa tinha esse “dom”, culpa da Drª Fátima não seria. E de repente lembrei-me! Pronto, cá está a explicação. É que isto de transformar um programa de debate político em programa de entretenimento ou de entretenimento em programa de debate político, acabando por não ser nem uma coisa nem outra, ou mesmo coisa nenhuma, requer skills and capabilities que o mais inteligente dos mortais não possui. É obra, meus senhores, é obra! É preciso ser “fino” como dizem lá no norte! E quem de facto o poderá fazer? Quem poderá navegar nesse limbo, nessa thin red line, nesse funâmbulismo em saltos altos, nessa terra do nunca ou de coisíssima nenhuma também? Nesse “faz de conta” sem alma? Quem poderá não ter medo do ridículo? Quem, quem? Pois a Drª Fátima, "carago"!
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