quinta-feira, outubro 31, 2013

Billboard #1s by British Artists - 1962/70 (6)

The Beatles - "Love Me Do" (30-05-64)

O PS e os impostos

Há uma coisa que o PS precisa de dizer claramente aos portugueses para evitar "cantos de sereia" como este: que é social e civilizacionalmente bem mais justo manter um imposto como o IRS (que é um imposto progressivo e, como tal, afecta mais quem aufere maiores rendimentos e por isso tem menor impacto no consumo) a um nível elevado do que efectuar cortes nos salários do funcionários públicos, nas pensões, na saúde, na educação e nas transferências sociais, que afectam mais os grupos sociais mais desfavorecidos e onde a chamada "propensão marginal para consumir" é mais próxima da unidade, isto é, em que qualquer acréscimo ou decréscimo de rendimento se reflecte totalmente no consumo. Sem explicar isto muito bem explicado, acaba por ficar prisioneiro da "narrativa" ultraliberal. 

Uma farsa e um farsante

Como se previa, o tal Guião para a Reforma do Estado é uma farsa, da autoria de um farsante político, um especialista em "sit down comedy". Por isso mesmo, tudo o que fosse discuti-lo seriamente seria colaborar nessa farsa, o que não farei. E pasmo como uma dúzia de comentadores/jornalistas consegue ocupar as televisões durante horas a discuti-lo, levando-o a sério. Honrosa excepção de Pedro Marques Lopes e António José Teixeira, na SIC Notícias, que não conseguiram disfarçar a estupefacção e o pasmo pelo que tinham acabado de ouvir. Aliás, não consigo perceber a "boa imprensa" de Paulo Portas. Por ser filho de Nuno e Helena, irmão de Miguel e Catarina? Por ser de "boas famílias"? Por ter sido jornalista e director do "Independente"? Por ser um cinéfilo confesso? Por ser ex-aluno do São João de Brito? Pela sua estatura e coerência políticas por certo não será. Fora ele o "bimbo" Relvas e onde já não estaria... Pois é, cada um nasce onde nasce.  

quarta-feira, outubro 30, 2013

4ªs feiras, 18.15h (53) - Western (VII)


"Stagecoach", de John Ford (1939)
Filme completo c/ legendas em português

La Bolduc (3)

"Le Sauvage Du Nord" (1931)

Cães, gatos e temas prioritários

Podemos pensar o que quisermos desta proposta de lei para "cães e gatos" (eu direi que existe na sua base alguma preocupação lógica e até talvez bem intencionada vertida em forma de lei de modo "canhestro", às "três pancadas" e utilizando os "pés", o que é bem sintoma da incompetência e infantilidade governamentais), exprimirmos o nosso desacordo e argumentação crítica, escarnecermos da ideia, que ela bem se presta à imaginação dos nossos humoristas, mas há um argumento que, pelo menos vindo da parte dos que se situam à esquerda ou no campo do liberalismo, não é lícito nem honesto ser usado: de que o assunto não é prioritário na actual situação do país. É que, não só por este raciocínio apenas se discutiria e legislava sob a pressão das circunstâncias e sem atender aos interesses das minorias, como este foi e sempre será um dos principais argumentos utilizados pelo conservadorismo mais tacanho para inviabilizar a discussão dos chamados temas de "costumes" (impropriamente chamados de "fracturantes"). Tendo dito isto, pois que se passe a uma discussão séria sobre cães, gatos e outros animais de estimação - diria o velho José Vilhena, incluindo as sogras.

terça-feira, outubro 29, 2013

"Menina não saia só" - homenagem a António Mafra (3)

"O Carteiro"

O PCP e Loures

Não percebo o espanto pelo acordo entre PCP e PSD em Loures:
  1. Em primeiro lugar porque se trata de um acordo local, sem repercussões a nível nacional, embora admita o PCP venha a ter alguma dificuldade em explicá-lo aos seus militantes. Mas enfim, nada de tão complicado como explicar o Pacto germano-soviético,  o massacre de Katyn, Budapeste 56, Praga 68, Tiananmen 89 ou Pyongyang na actualidade (ou Angola, já agora). E o PCP, melhor ou pior e até mesmo quando o comunismo ainda era prestigiado enquanto ideologia, lá se foi "safando".
  2. O movimento comunista internacional e a URSS nunca tiveram, ao longo da sua História, qualquer problema em se aliar ao Diabo ou a Deus (compromisso histórico entre o PCI e a DC, neste último caso) para defender aquilo que consideravam ser os seus interesses mais imediatos ou de longo prazo. A História está cheia desses exemplos. Não vale a pena enumerá-los, mas, já agora, lembra-se da ditadura argentina de Videla? 
  3. Ao contrário do que muitos comentadores pouco informados dizem, o PCP está longe de ser um partido apenas de "protesto ou de "contestação". É e sempre foi um "partido de poder", ao ponto de muitas vezes ter privilegiado a obtenção de lugares no "aparelho de estado" e, como agora, o fortalecimento das suas posições de poder em detrimento de outro tipo de acções ou de alianças ditadas por uma real ou aparente maior proximidade ideológica.
E ficamos "neste género assim"...

Futebol: "modelos de negócio", empresários e formação

Uma grande maioria dos comentadores desportivos, mesmo os mais esclarecidos (que são muito poucos) teima em não entender, ou em não querer perceber, que o "modelo de negócio" dos dois principais clubes portugueses (SLB e FCP), baseado nas receitas extraordinárias conseguidas através da valorização e venda de alguns dos seus principais jogadores, realizando assim enormes "mais-valias", só é possível mantendo um relacionamento estreito com os principais "agentes FIFA", vulgo empresários, por vezes chegando mesmo a verificar-se a situação destes actuarem como verdadeiros financiadores dos clubes. Ora isso tem contrapartidas (e é isto que esses comentadores parecem não querer perceber), colocando com demasiada frequência esses clubes na dependência desses mesmos empresários no que diz respeito à contratação de jogadores e gestão de recursos humanos. É em grande parte isso que explica o fraco aproveitamento que SLB e FCP têm feito da sua formação e é também, por antítese, o que ajuda a explicar o melhor aproveitamento que dela faz o SCP. O que não existe é "sol na eira e chuva no nabal", isto é, que mantendo-se o actual modelo de negócio como dominante (o único que tem permitido a SLB e FCP manterem-se competitivos a nível europeu) possamos ver emergir e actuarem com regularidade nas equipas principais "catadupas" de jovens vindos da formação. Aliás, a crise financeira mundial está já a pôr em causa este modelo, e não fora o "dinheiro novo" das máfias russas e do petróleo árabe e ele já estaria mesmo caduco. Luís Filipe Vieira já o percebeu e sofreu na pele as dificuldades em vender activos neste "defeso". Daí as suas constantes afirmações no sentido de investir mais na formação e de "forçar" Jorge Jesus a um cada vez melhor aproveitamento dos jogadores da equipa "

Voltando a esses mesmos comentadores, mesmo aqueles com fracas inteligência formação já deviam ter percebido onde está a origem das limitações ao aproveitamento de jogadores da formação por parte de SLB e FCP, pois a influência dos agentes FIFA estende-se também a treinadores e passa-se nas suas "barbas": basta ver quem são, a cada momento, os ex-jogadores "impostos" como comentadores de alguns programas de TV para se perceber quem serão os futuros treinadores de alguns clubes. Não é assim, Costinha, Maniche, Helder Cristovão e Abel Xavier?

segunda-feira, outubro 28, 2013

As capas de Cândido Costa Pinto (90)

Capa de CCP para o 14 de "Vampiro Magazine"

The Satellite/Stax records story (23)

Booker T & The MG's - "Green Onions" (Agosto de 1962)

O que me disse o FCP-SCP

O que me disse o FCP-SCP? Enfim, que o SCP me pareceu uma equipa "certinha", que sabe trocar bem a bola (o que é diferente de ter grande qualidade na sua circulação ou de conseguir ser muito perigosa nas transições "em posse"), jogando com os seus sectores muito juntos, no campo todo, e que sabe ocupar os espaços a meio-campo. Trabalho de treinador "fazedor de equipas", pois claro. Mas tudo isto é feito de modo demasiado mediano, sem ou com pouco rasgo, a uma intensidade e ritmo um pouco distantes daqueles a que jogam as equipas de segunda-linha da Champions League, por exemplo, algo que a qualidade actual dos seus jogadores não permite. De qualquer modo confirmei ser, de entre as equipas da Liga que são apenas para consumo interno, isto é, excluindo FCP e SLB,  de longe a melhor, não devendo vir a ter qualquer problema em assegurar um confortável terceiro lugar. 

quinta-feira, outubro 24, 2013

O "mito urbano" da "reforma do Estado"

Ora vamos lá ser claros: a "reforma do Estado" não existe. Ou melhor, como reforma que deve ser e não como a revolução que este governo gosta de anunciar, tem vindo a ser feita há dez, vinte, trinta anos, pelos sucessivos governos, umas vezes com maior celeridade, outras de forma mais lenta, adaptando o Estado - o seu funcionamento e eficácia, a sua organização, os serviços que presta e o modo como o faz, a qualificação e número dos seus agentes e funcionários, as suas instalações, etc - à modernidade, à inovação tecnológica, aos novos requisitos e necessidades da sociedade e dos utentes (e à própria evolução do perfil destes), e por aí fora. Aliás, basta olhar para trás, para o passado, verificar como tudo evoluiu e concordar que o Estado de 2013 nada tem a ver com o do ano 2000 e muito menos com o das últimas décadas do século XX. E mudou bastante e no bom sentido, sendo hoje mais eficiente, prestando um maior número de serviços com maior racionalidade, incluindo nos custos, e estando os seus agentes muito melhor preparados para as funções que exercem. Com todos os problemas que ainda subsistem e todas as queixas de que por vezes somos portadores. A "reforma do Estado", tal como é anunciada por este governo, mais não é do que um eufemismo igual a tantos outros, da "requalificação", ao "programa cautelar" e às "inverdades", neste caso para significar os "cortes" puros e simples na actividade do Estado. Um "mito urbano" que, a breve prazo, fará companhia a outro dos mais célebres dos últimos anos: as tão faladas "gorduras do Estado".  

Jerry Lee Lewis - original SUN recordings (3)

"Don't Be Cruel" - SUNLP 1230
Memphis, Fevereiro ou Março de 1958

SLB, "pontas de lança" e desequilíbrios

Não interessa jogar com dois "pontas de lança", homens de área como o são Cardozo e Lima, se atrás de si e nas alas não existe quem crie desequilíbrios que proporcionem oportunidade de golo. Aliás, não existindo esses desequilíbrios, é demasiado frequente assistirmos às jogadas de ataque do SLB culminarem com a bola "despejada" para a área, à procura de intervenção divina ou de Cardozo. Com o meio-campo entregue a Matic e Enzo Perez (ou Fejsa, ou Rúben Amorim), que não têm características de "rompedores" (Enzo um pouco melhor neste aspecto), na época passada eram Salvio (principalmente) e Nico Gaitán que se encarregavam dessa tarefa pelas alas. Esta época, sem Salvio e com Gaitán em "petite forme", ninguém o consegue fazer e é por isso que escasseiam as oportunidades e a equipa marca pouco golos. Assim sendo, seria bem melhor optar apenas por um jogador de área e colocar atrás de si e à frente de Matic e Enzo (ou Fejsa, ou Amorim) alguém capaz de de conseguir esses desequilíbrios pelo meio, como Markovic ou qualquer outro colega de equipa que consiga desempenhar a contento essa tarefa. 

Nota: parece-me o problema actual de Matic não é jogar a "6" ou a "8", mas pura e simplesmente jogar.

quarta-feira, outubro 23, 2013

SLB - Olympiacos FC, ou a substituição imperdoável

Ao intervalo, com a equipa a perder por um-zero e quando o estado do terreno apenas permitia que se jogasse em passes longos, por alto, para a grande área, Jorge Jesus, mostrando total desorientação, em vez de tentar meter mais gente nessa zona do terreno, optou pela substituição demagógica, para agradar ao "povo" benfiquista, trocando Ola John por Ivan Cavaleiro, um jovem da equipa "B" sem ritmo, experiência e intensidade de jogo e que gosta de ter a bola no pé. O resultado é que o SLB jogou quase toda a segunda-parte, de facto, com menos um jogador. Imperdoável.

4ªs feiras, 18.15h (52) - "social realism in british cinema" (I)

"A Taste of Honey", de Shelagh Delaney e Tony Richardson (1961)
Filme Completo c/ legendas em português

terça-feira, outubro 22, 2013

Famous European Cafés (5)






Café de la Paix - Paris

António Félix da Costa e a Fórmula Um

Hoje em dia, só existem três maneiras de um piloto chegar à Fórmula Um: ou é um génio da condução, coisa que com a tecnologia actual vai contando cada vez menos - e génios também os há muito poucos; ou carrega consigo, com o apoio de um ou vários patrocinadores, uma camioneta cheia de notas, coisa muito pouco provável acontecer com um piloto português, país em crise e onde não existem marcas de dimensão internacional; ou vem de um mercado emergente, coisa que Portugal também não é. Por isso mesmo, podemos ter muita pena de não ver António Félix da Costa na Fórmula Um; chorar lágrimas de Calimero contra a "injustiça" do seu afastamento; ver os patrioteiros do costume "rasgarem as vestes" por mais esta "traição"; mas a vida é o que é e esta, pelas razões apontadas, não me parece actividade onde os portugueses possam conseguir mais do que, aqui e ali, arrastar-se pela cauda do pelotão. "Reset", se fazem favor.  

Motor City (9)

Barrett Strong - "Money" (That's What I Want)/"Oh, I Apologize" (Agosto de 1959)

Eufemismos e ditadura

Já muita gente o disse, mas vamos lá repeti-lo. Em Portugal, as palavras perderam o seu significado, principalmente na política. "Mentira" passou a "inverdade"; "despedimento" na Função Pública a "requalificação"; "cortes" na despesa pública a "reforma do Estado"; "cortes", puros e simples, nas pensões a sujeição a "condição de recurso", "transitório" a "prazo indefinido", "segundo resgate" a "programa cautelar"etc, etc. Agora, asseguradas que estão uma maioria parlamentar e um Presidente da República colaborante ("um governo, uma maioria, um presidente")  parece que "ditadura" se prepara também para ser transformada em "acordo a longo prazo entre os dois principais "partidos", demissão do Tribunal Constitucional das funções para as quais existe e foi criado e "eleições" transformadas numa farsa que permitiria aos portugueses escolher o partido que entendessem desde que - como a cor do Ford T - fossem rigorosamente iguais. Digamos que à tal "uma maioria, um governo, um presidente", se juntaria "uma "oposição fantoche", um Tribunal Constitucional "colaborante" e umas eleições sem propósito. Depois não digam que eu não avisei.

Nota final: confesso que me custa ouvir um bem sucedido empresário, que, com todo o mérito, transformou o grupo empresarial que dirige num enorme caso de sucesso, dizer tantos disparates políticos em tão pouco tempo. Digamos que nem os sempre tão solícitos e subservientes "media" conseguem transformar um excelente merceeiro num apenas razoável comentador da cena política.

domingo, outubro 20, 2013

Cavaco Silva e o Orçamento de Estado

Seria lógico e normal que Presidente da República, que jurou defender a Constituição e é um garante do seu cumprimento, afirmasse que a sua decisão de enviar ou não o Orçamento de Estado 2014 para o Tribunal Constitucional dependeria das dúvidas sobre a sua constitucionalidade que ele lhe pudesse suscitar, e que tomaria uma decisão depois da aprovação do mesmo pelo parlamento e de o analisar em conjunto com os seus assessores. Seria uma decisão tomada na base de pressupostos e opções de natureza política, como se esperaria de quem ocupa um cargo colocado no topo da hierarquia do Estado. Mas não: como qualquer contabilista que se preze, Cavaco Silva afirmou a sua decisão dependerá da avaliação dos "custos" (políticos?, financeiros? económicos?) de tal decisão. Ou seja, será que isto significa podemos viver com um Orçamento de Estado inconstitucional desde que isso saia "baratinho"? 

A nova "Upstairs, Downstairs"

Estreou ontem na RTP2 o "follow up" de "Upstairs, Downstairs", cuja acção começa em 1936, cerca de sete anos depois de terminada a série original (que, salvo erro, terminava com o "crash" de 1929). Esta sequência da primeira série estará longe de ter o impacto da original (apenas duas temporadas num total de nove episódios), mas o primeiro episódio, ontem exibido, evidencia pelo menos duas situações interessantes da História de Inglaterra do século XX: as ligações de Wallis Simpson aos nazis, via Joachim von Ribbentrop, ministro dos Negócios Estrangeiros do Reich a partir de 1938, e a posição corajosa de Anthony Eden, que chegou a demitir-se do Gabinete em protesto contra a política de "apaziguamento". Quanto o resto, a série é "entretida" e vagamente divertida, descarta o pedantismo balofo e o estilo "telenovelesco" de "Downton Abbey" e do seu mentor Julian Fellowes e inclui ainda a minha favorita Keeley Hawes ("Spooks", "Tipping the Velvet" e "Murder in Mind").

Matiné de Domingo (43)


"The Guns of Navarone", de J. Lee Thompson (1961)
Filme completo c/ legendas em português

A CGTP e a "manif" de ontem

Reconheçamo-nos ou não neste governo (e eu não me reconheço) e gostemos ou não de o ver combatido (e eu acho é necessário fazê-lo), temos de concluir que a manifestação de ontem da CGTP, não tendo constituído um passo em frente ou representado uma subida de tom na contestação ao actual "estado de coisas", antes pelo contrário, se terá saldado por um semi-fracasso. Aliás, ao "jogarem as fichas quase todas" no espectáculo que poderia constituir uma passagem a pé pela ponte 25 de Abril, Arménio Carlos e a direcção da CGTP reconheciam à partida as hipóteses de fracasso (ou semi-fracasso) de "mais uma manifestação como as outras" seriam muitas, e a marcação, no local e na hora, de mais uma acção para o dia 1 de Novembro, frente à Assembleia da República, é prova provada de que nem tudo terá corrido pelo melhor dos mundos.

Seria talvez tempo da CGTP concluir, numa situação em que teria tudo a seu favor, que talvez esteja a conduzir o movimento sindical e o seu combate ao "empobrecimento" e ao actual governo a um impasse, um beco do qual não se vislumbra saída possível. Em nome de quê e de quem, isso já serão "outros quinhentos".



Da entrevista de José Sócrates

  1. Excelente a "frase/teaser" "sou o chefe democrático que a direita sempre quis ter". Penso que à conta dela o "Expresso" terá vendido uns bons exemplares a mais do que o habitual. Uma chapelada ao "Expresso", portanto.
  2. Nada de especialmente novo no conteúdo: os mecanismos (ao estilo "valeu tudo e até tirar olhos") utilizados pela actual maioria para combater o anterior primeiro-ministro, levar o seu governo a pedir "ajuda" externa e à subsequente demissão têm vindo a ser desmontados pouco a pouco, penso são já bem claros e o próprio José Sócrates já a eles se tinha referido na RTP. Também o livro "Resgatados", de David Dinis e Hugo Filipe Coelho, fazia exaustiva referência às condições internas e externas que levaram ao resgate. Nada de especialmente revelador, portanto (apesar de uma incursão à vol d'oiseau pela filosofia, justificativa dos seus últimos estudos), incluindo quanto ao pensamento político estratégico do entrevistado, o que também não seria sua intenção.
  3. Já a nível da forma a novidade é total. Temos um José Sócrates íntimo, de certo modo enfadado ou desfasado da política (ele que sempre foi um "animal político"), utilizando uma grande liberdade de linguagem e um tom informal e coloquial que repetiu na sua presença ontem no programa de Herman José e ao quais Clara Ferreira Alves não terá sido alheia, quase se podendo afirmar que se trata de uma entrevista a "quatro mãos". Digamos que estamos perante uma tentativa de "reposicionamento" do anterior primeiro-ministro e o que isso significa e onde pretenderá José Sócrates chegar é caso para estarmos atentos.

sábado, outubro 19, 2013

sexta-feira, outubro 18, 2013

Friday midnight movie (59) - Grindhouse/Slasher (IX)

"Prom Night", de Paul Lynch (1980)
Filme completo c/ legendas em português

As capas de Cândido Costa Pinto (89)

Capa de CCP para o nº 9 de "Vampiro Magazine"

Jerry Lee Lewis - original SUN recordings (2)

"Down The Line" - SUN 288B
Memphis 16-18/01/1958

Soares e Cavaco

O que mais me custa aceitar na últimas declarações de um gigante político e alguém "bigger than life" como o foi e é Mário Soares, apesar de, ultimamente, ter estado com ele mais vezes em desacordo do que de acordo, é o modo como se expôs a uma resposta onde pontificam a comiseração e condescendência por parte uma personalidade mesquinha e politicamente medíocre como o é Cavaco Silva. Não só por si, mas como referência necessária para um país em crise profunda, Mário Soares tem necessariamente de se resguardar e evitar confrontar-se com gente que não está, nem nunca esteve, à sua altura. No que diz respeito ao actual Presidente da República, devo dizer com mágoa nunca poderei vir a afirmar ser merecedor do meu e do nosso respeito.  

quinta-feira, outubro 17, 2013

Pela boca também morre o Coelho

Nada que já não soubéssemos, mas talvez que inebriado pela altitude e quiçá excitado por um "chili com carne" demasiado picante, Passos Coelho veio mais uma vez lembrar que este é, de facto, o SEU programa político e - acrescento agora eu - a "troika" apenas os indispensáveis pretexto e caução para que ele possa ser implementado com mais apoios, menor contestação e com o necessário argumento de inevitabilidade. Ficamos assim também a saber, apesar de algumas manifestações em contrário (deverei dizer "arremedos de manso?) vindas principalmente do CDS, qual a capacidade deste governo para negociar com os representantes dos credores em nome do Estado e do povo português. Mas pronto, nada como a clareza e agora temos a confirmação daquilo com que contamos.  

Jerry Lee Lewis - original SUN recordings (1)

"Put Me Down" - SUNLP 1230
Memphis 21-23/04/58

Nursery Rhymes (14)


Hot Cross Buns

Dennis Potter's "Pennies From Heaven" (12)

"Love Is Good For Anything That Ails You"

quarta-feira, outubro 16, 2013

4ªs feiras, 18.15h (51) - "Cinema Militante" (V)

"Il Caso Mattei", de Francesco Rosi (1972)
Filme completo c/ legendas em português

Que cada um escolha o seu lado

Ok, consideremos mesmo, tal como dizem os arautos e publicistas da "vanguarda revolucionária" que os incautos portugueses elegeram, que não há alternativa à situação existente que não passe por um género de Apocalipse (entrada em incumprimento, saída do euro ou até da UE, etc, etc). Mesmo que consideremos como válida tão extremada constatação, existe pelo menos uma diferença fundamental entre dois grupos de portugueses: de um lado, os que se regozijam ou aceitam passivamente essa apregoada ausência de alternativa, pois o actual "estado de coisas" serve os seus interesses ou corresponde à ideologia que perfilham; do outro, os que se não reconhecem na actual situação e se incomodam, criticam e se desinquietam procurando como sair dela da melhor forma e com os mais baixos custos possíveis. Em França, durante a ocupação, os primeiros estiveram com Pétain e, de uma maneira ou outra, colaboraram com Vichy. Os outros, estiveram com De Gaulle, com os comunistas, com as FFL e colaboraram ou aderiram à Resistência. Também aqui e agora é tempo de cada um escolher o seu lado.

Ex-votos (12)

segunda-feira, outubro 14, 2013

O orçamento para 2014 e o IRC

O governo faz descer a taxa nominal máxima de IRC no Orçamento de Estado para 2014 de 25 para 23%, mantendo, ao contrário do proposto pela comissão liderada por Lobo Xavier, o imposto sobre mais-valias e dividendos. Não sou nada adepto de impostos altos para as empresas, mas a não ser que o governo me explique bem "explicadinho", com desenho e tudo, qual o impacto que espera obter na economia com esta medida, inclusivamente no crescimento do PIB e na diminuição do desemprego, na ausência de tal explicação ou se esse impacto for nulo ou perto disso, permitir-me-ei concluir que está, pura e simplesmente, a transferir valor das famílias, principalmente dos funcionários públicos, reformados e viúvas, para as empresas. Se assim for, considero tal decisão inaceitável.

5 pontos 5 sem "condição de recurso"

  1. Ao fazer depender o recebimento integral da pensão de sobrevivência, não dos rendimentos globais, qualquer que fosse a sua proveniência (o que já seria questionável numa pensão do regime contributivo), mas do valor recebido pelo conjunto das pensões recebidas - existindo mais do que uma -, entre um Conselho de Ministros-maratona e uma conferência de imprensa em "defesa da honra" de Paulo Portas, lá se esfumou pelo fosso de desafinada orquestra a tão badalada "condição de recurso". No fundo, estamos apenas perante mais um corte baseado em premissas irracionais; um método expedito de "arrecadar umas massas" e de, simultaneamente, fazer brilhar o populismo "portista" (de Paulo Portas) junto das "velhinhas", grupo-alvo favorito do "partido dos pensionistas". Fica uma vaga promessa (irrevogável?) de que no futuro logo se verá como vai ser.
  2. Parece-me ter ficado também claro que, a partir de agora, é bem melhor contratar uma "renda vitalícia", um seguro de vida, determinado tipo de PPRs, receber de um qualquer fundo de pensões ou, pura e simplesmente, herdar e vender umas acções, umas pratas e uns serviços Companhia da Índias do que descontar para a Segurança Social.
  3. Com razão, Pedro Adão e Silva compara a actual situação com a de uma companhia de seguros que se recusasse a cumprir os compromissos contratados com os seus segurados. De imediato, lá vieram alguns dos "talibãs" do costume lembrar que o Estado português faliu e que, tal como aconteceria se o mesmo acontecesse a uma companhia de seguros, não pode honrar os seus compromissos perante os cidadãos. Disparate. Os Estados não fecham; não abrem falência, não entram em situação de insolvência, nem deixam de existir por razões desse tipo. Aliás, é essa a garantia-extra, a segurança, que oferecem aos cidadãos que com ele estabelecem uma relação contratual. Pode até o Estado entrar em situação pontual de incumprimento ou de adiamento de pagamentos, mas os cidadãos assumem sempre essa garantia de cumprimento quando com ele contratam. Se o Estado não assume em permanência as suas obrigações contratuais deixa de cumprir com uma das obrigações que justifica a sua existência. Daí ao caos, vai um pequeno passo. 
  4. Também muito interessante é ouvir os mesmos "talibãs" que afirmam temos de fazer o impossível para cumprir com os compromissos assumidos perante os nossos credores (e eu também acho que, dentro dos limites do politica e moralmente aceitável, o devemos fazer) afirmarem que se o Estado não tem dinheiro não pode cumprir com os mesmos compromissos assumidos perante os cidadãos - relativos, por exemplo, ao pagamento de pensões e reformas. Estamos perante mais um exemplo da chamada "lei do funil", que estreita conforme as conveniência. Aliás, até na falência de uma empresa os seus trabalhadores (e podemos, no caso do Estado, fazer a analogia com os cidadãos) são credores preferenciais. Enfim, não imagino que mais me vai ser dado ouvir.
  5. Alguém tem de me explicar que decisões racionais e ponderadas se podem tomar ao fim de sete, oito, dez, doze horas de reunião com mais de uma dezena de participantes. Estamos perante um conjunto de alunos cábulas que não estudaram atempadamente, só que, neste caso, a cabulice tem implicações na vida de todos nós. 

domingo, outubro 13, 2013

Angola: "país irmão"?

Não percebo como em Portugal tanta gente se refere a Angola como "país-irmão". No tempo em que era uma colónia, foi por Portugal explorada, as suas riquezas pilhadas e os seus naturais tratados pelo governo de Lisboa e por muitos portugueses como sub-gente, durante muito tempo como escravos. Até os nossos concidadãos emigrados na colónia eram designados como "portugueses de segunda". 

Depois da independência envolveram-se os angolanos numa guerra tribal que durou décadas e destruiu o país, para pouco depois da declaração de independência se terem ainda defrontado num golpe de Estado sangrento, acontecimentos onde a esmagadora maioria dos portugueses por certo nunca se reviu e sempre condenou. 

Hoje, estamos perante aquilo a que poderíamos chamar uma ditadura cleptocrática, num país onde a liberdade, a livre iniciativa e outros direitos, liberdades e garantias são bastante condicionados, para não dizer inexistentes. Será que uma maioria de portugueses concorda com tal estado de coisas?

Em conclusão: digamos que para "país-irmão" estamos, no mínimo, perante uma família que poderemos sem esforço considerar como bastante disfuncional. Não será que "países-irmãos" serão antes aqueles nos quais - nas suas instituições, no seu grau de cultura, civilização, desenvolvimento, etc - nos reconhecemos? Eu, acho que sim.

British Beat Before The Beatles (8)

Vince Eager - "Buzz, Buzz, Buzz"

Matiné de Domingo (42)

"8 Femmes", de François Ozon (2002)
Filme completo c/ legendas em castelhano

O impasse da CGTP

Tenho a sensação de que a CGTP, com o seu braço de ferro com o governo por causa de uma ponte, em vez de estar a alargar a sua base de apoio e a chamar às iniciativas sindicais mais gente na luta contra o "empobrecimento", está a fazer exactamente o contrário, afastando desta luta e das suas iniciativas muita gente que, não integrando o grupo de habituais participantes, poderia, aqui e ali, a elas aderir, dando-lhes mais força e um maior significado. Para além disso, ao dar tanto ênfase ao local da realização do evento, acentuando a vertente do espectáculo em detrimento da "luta", dá a todos um sinal de fraqueza e transmite a imagem de quem parece ter caído num impasse tal que não pode prescindir do "espectáculo", da encenação e da "novidade" como elementos essenciais das suas acções. Mas, como não acho a direcção da CGTP seja assim tão estúpida, resta saber qual será na realidade o seu verdadeiro objectivo.

sexta-feira, outubro 11, 2013

Friday midnight movie (58) - Gothic/Horror (XI)


"I Bury The Living", de Albert Band (1958)
Filme completo c/ legendas em castelhano

Ainda a CGTP e a ponte

Tenho o maior respeito pela capacidade de organização normalmente manifestada pela CGTP e também sei, desde o 25 de Abril, que em tudo o que desta central sindical depender poderemos estar certo as manifestações decorrem pacificamente e na maior ordem. Sem dúvida que sim. Mas tendo dito isto, e também já me tendo pronunciado sobre a "vertigem do espectáculo" que parece ter-se apoderado de CGTP e PCP, pergunto-me: e se algumas dezenas ou até centenas de pessoas, nada tendo a ver com a CGTP, decidem, como já aconteceu em uma ou outra das últimas manifestações sindicais, provocar distúrbios e pôr em risco a segurança de pessoas e bens na Ponte 25 de Abril? Num espaço e numa estrutura com as características desta via, pode a CGTP ter a certeza que os seus serviços de segurança conseguem manter a ordem entre TODOS os manifestantes? E caso não o consigam, podem a PSP e, se isso se revelar necessário, os serviços de emergência médica, actuar rapidamente e com a eficácia? E caso as coisas corram mal, quem será responsabilizado? Por mim, se tivesse que decidir em nome das autoridades competentes para o fazer - e como "tudo o que pode correr mal, se arrisca mesmo a correr mal - optaria por aconselhar a CGTP a realizar a manifestação noutro local.  

Famous European Cafés (4)








Caffè Florian, Veneza

"Empty Bed Blues" - best of good time mommas (12)

Barrel House Annie - "Must Get Mine In Front" (Gravação de Março de 1937)

quinta-feira, outubro 10, 2013

Margaret Brundage & "Weird Tales" (5)

O PS e as subvenções dos políticos

Sim, eu sei que é pouco popular o que vou dizer, mas cortar nas subvenções vitalícias dos políticos que adquiriram legítimo direito a recebê-las por via contratual (foram eliminadas a partir de 2005 para quem não tinha esse direito já constituído), tendo muitos deles, inclusivamente, optado pelo exercício da actividade política em função das condições então oferecidas, tem tanto de ilegítimo, inaceitável ou até de ilegal como cortar nos vencimentos dos funcionários públicos, nas pensões de quem já entrou para o sistema ou mesmo de quem delas está já a beneficiar. No fundo, em todas estas situações estamos perante idênticas quebras unilaterais de contratos estabelecidos em devido tempo entre o Estado - e que este se comprometeu a honrar -  e os vários outros contratantes, sejam eles agentes políticos, funcionários públicos ou futuros e actuais pensionistas. Que o PS adira a tal posição, ficando sem argumentação para contestar qualquer corte retroactivo nas pensões ou nos salários dos funcionários públicos, realizado de modo permanente, e caucionando com esta sua decisão as posições populistas de ataque aos políticos e de denegrimento destes e da política, é bem sintomático do desnorte da actual direcção do partido e do populismo sem freio que parece dominar a cena política em Portugal. Lamentável.  

terça-feira, outubro 08, 2013

"Les uns par les autres" - os melhores "covers" de temas tornados famosos pelos seus autores (18)

"There Goes My Baby" (Ben E. King - George Treadwell - Jerry Leiber - Mike Stoler) - 1959
O original dos Drifters onde Ben E. King, vocalista de um dos principais "line up" do grupo, e George Treadwell, respectivo "manager", partilham a autoria do tema com a dupla do Brill Building Jerry Leiber/Mike Stoller.

A excelente versão dos Walker Brothers (1965)

A CGTP e a sociedade do espectáculo

Perante os actuais níveis de desemprego e de redução de salários, pensões e subsídio de desemprego; face ao "enorme aumento de impostos", ao "empobrecimento", ao aumento da precariedade do emprego e à incerteza (ou má certeza) sobre o futuro, a CGTP, por certo com o beneplácito do PCP, seu suporte, não arranjou ideia melhor para defender os seus associados e lutar contra a estratégia do governo do que aderir à sociedade do espectáculo,  propondo-se organizar uma manifestação na ponte 25 de Abril. Para isso, lá vai gastando o seu tempo e energias num "braço de ferro" com o governo sobre o seu direito a tal coisa, não hesitando, na sua argumentação, em comparar uma manifestação/acção de luta a um espectáculo/festa/prova desportiva. Claro que não percebe sequer como esta comparação a apouca, bem como esta sua adesão à sociedade do espectáculo, em detrimento de outro tipo de acções e escolha de locais porventura mais consentâneos com os objectivos a atingir, corresponde a uma verdadeira declaração de fraqueza ou a um claro sinal de desistência. 

Rui Machete e o regime

Devo dizer que uma das coisas que mais espanta no chamado "caso Rui Machete" é o facto de alguém que demonstra uma total inépcia e ausência de aptidões políticas para o cargo governamental que agora ocupa, um completo desrespeito pelo Estado de Direito Democrático e pelas suas instituições (Assembleia da República, Procuradoria Geral), ter ocupado desde 1976 lugares de tão elevada responsabilidade nas instituições do Estado e da República. Machete não é um newcomer, e por isso, e infelizmente, tenho de concordar estarmos perante uma situação que o transcende e um retrato demasiado inquietante do país e do regime.

segunda-feira, outubro 07, 2013

A RTP, "O País Pergunta" e a armadilha populista

Não pelas mesma razões do PCP, mas confesso também não simpatizar muito com o formato de entrevista televisiva que a RTP vai adoptar no seu novo programa "O País Pergunta", em que um X número de cidadãos tem oportunidade de entrevistar directamente um político ou governante, neste caso o primeiro-ministro e o líder do principal partido da oposição. É que sob a capa de uma total democraticidade e "transparência", do "dar a palavra ao povo" e do acesso desse mesmo "povo" aos grandes meios de comunicação, estamos, de facto, perante uma verdadeira armadilha populista; perante um confronto de uma enorme desigualdade em que de um lado está alguém que, dispondo de enorme traquejo mediático, um total conhecimento dos assuntos e um batalhão de assessores, enfrentará o "teste" com enorme à vontade, total conhecimento das matérias e se terá preparado até à exaustão e, do outro, simples cidadãos sem acesso a idênticos, ou sequer comparáveis, níveis de informação, para além de por certo se sentirem mais ou menos intimidados no cenário e com a situação. Para além disso, estamos também perante a demissão do papel de intermediação que é suposto o jornalista, enquanto profissional, assumir. Que seja a RTP a escolher este caminho é lamentável.   

La Bolduc (2)

La Bolduc - Ça Va Venir Découragez-Vous Pas (23 de Setembro de 1930)

sexta-feira, outubro 04, 2013

Friday midnight movie (57) - "Giallo" (X)


"Suspiria", de Dario Argento (1977)
Filme completo c/ legendas em português

The Big Easy (12)

Sidney Bechet - "Blues My Naughty Sweetie Gives To Me"

Costa e Seguro

Ao afirmar que "o PS ainda não é alternativa clara" e que "vê na abstenção e nos votos nulos um espaço de alternativa que é preciso mobilizar", António Costa não só tem toda razão como está, falando em português corrente, a ser "sacana" (vamos lá, "irónico") para com António José Seguro, pondo em contraponto a sua esmagadora votação em Lisboa e os apoios que consegue reunir, da esquerda radical ao centro-direita conservador, com a alguma fragilidade e incapacidade do partido em descolar a nível nacional. No fundo, o que Costa diz a Seguro do conforto dos salões dos seus Paços do Concelho e do alto dos quase 51% de votos conseguidos é: "olha para mim, para o meu exemplo, vê onde eu já cheguei e desafio-te a fazeres o mesmo a nível global". "Eu já provei; agora mostra lá tu do que és capaz". Digamos que Seguro só pode mesmo ter engolido em seco e a frase vale uma boa "chapelada" para António Costa.

O labirinto de Jorge Jesus

A confirmar-se, o que esta notícia indicia é que Jorge Jesus parece incapaz de se manter fiel aos princípios e modelo de jogo da equipa sem corrigir os seus desequilíbrios mais evidentes e que foram responsáveis pela ausência de títulos e pelo desastre do final da época passada. No fundo, com esta opção, Jorge Jesus parece não conseguir levar a cabo aquilo que de mais importante lhe foi ou deveria ter sido pedido para esta época, e chega à sétima jornada do campeonato sem uma ideia clara sobre como deve jogar a equipa. Parece perdido no labirinto das críticas e da falta de confiança em si próprio. Assim, e ao contrário do que tem falado a comunicação social, não estamos perante um problema da tal "estrutura" ou da ausência dela, mas face a um claro "déficit" de liderança. 

quarta-feira, outubro 02, 2013

SLB: uma equipa "lost in translation"

Claro que perder em Paris é normal, até ao Bayern ou Real Madrid tal poderia acontecer. O que não é normal é perder por "falta de comparência" de uma equipa que não pressiona, não tem agressividade nem intensidade de jogo. Vendo bem, nem sequer tem uma ideia de como deve jogar e do que deve fazer em campo, perdida que parece estar entre o modelo de jogo das quatro épocas anteriores, que as críticas externas e a insegurança de Jorge Jesus parecem ter condenado à extinção, e uma qualquer ideia nova, mais baseada no "posse e circulação", ideia que a equipa não entende ou não consegue interpretar, parecendo desconfortável e perdida no campo. Aliás, essa ausência de uma ideia de jogo consistente foi até bem evidente no jogo contra o CF Belenenses, no qual a equipa se limitou a enviar bolas por alto para a "grande área" esperando por um milagre. É isso, sem tirar nem pôr, que fazem as equipas sem ideias. Olhando para o jogo de hoje e o da primeira jornada do campeonato (e então ainda não existiam lesões), verifica-se que a equipa não evoluiu e a única diferença foi mesmo o adversário, então o modesto CS Marítimo, agora o milionário PSG. E, repito, Sulejmani e Djuricic parecem-me ser muito mais jogadores para jogar "em posse" do que no tradicional modelo de transições rápidas, o que parece aumentar ainda mais a confusão. Que é feito de Ola John, que custou sete milhões de euros e parece ter sido sugerido por Jorge Jesus?

4ªs feiras, 18.15h (49) - Bergman (IV)

"Det Sjunde Inseglet" ("O Sétimo Selo") - 1956
Filme completo c/ legendas em português

"Sem Moderação"

Para quem pense não ser possível discutir política sem recurso aos chavões do costume, defender uma opinião ideológica sem recurso à sua "barricada", pertencer a um partido e comentar a actualidade política na televisão sem ter como objectivo a sua própria agenda, "Sem Moderação" prova exactamente o contrário: é possível fazer isso tudo com rigor, independência, sendo inteligente e de forma civilizada. Daniel Oliveira, João Galamba, Francisco Mendes da Silva e, agora, também José Eduardo Martins fazem-no às segundas-feiras, pouco depois das 23h, no canal Q. É dos pouco programas de debate político nas televisões que vale realmente a pena ver e um bom exemplo do que deveria ser discutir política.