domingo, outubro 13, 2013

Angola: "país irmão"?

Não percebo como em Portugal tanta gente se refere a Angola como "país-irmão". No tempo em que era uma colónia, foi por Portugal explorada, as suas riquezas pilhadas e os seus naturais tratados pelo governo de Lisboa e por muitos portugueses como sub-gente, durante muito tempo como escravos. Até os nossos concidadãos emigrados na colónia eram designados como "portugueses de segunda". 

Depois da independência envolveram-se os angolanos numa guerra tribal que durou décadas e destruiu o país, para pouco depois da declaração de independência se terem ainda defrontado num golpe de Estado sangrento, acontecimentos onde a esmagadora maioria dos portugueses por certo nunca se reviu e sempre condenou. 

Hoje, estamos perante aquilo a que poderíamos chamar uma ditadura cleptocrática, num país onde a liberdade, a livre iniciativa e outros direitos, liberdades e garantias são bastante condicionados, para não dizer inexistentes. Será que uma maioria de portugueses concorda com tal estado de coisas?

Em conclusão: digamos que para "país-irmão" estamos, no mínimo, perante uma família que poderemos sem esforço considerar como bastante disfuncional. Não será que "países-irmãos" serão antes aqueles nos quais - nas suas instituições, no seu grau de cultura, civilização, desenvolvimento, etc - nos reconhecemos? Eu, acho que sim.

4 comentários:

Rui disse...

Carissimo,
Pois eu acho que não!
O facto de termos escravizado e maltratado este e outros povos africanos não impede que haja uma ligação umbilical de Portugal com as ex colónias que não me repugna de tratar de países irmãos. Trata-se de uma forma de exprimir proximidade, que em grande parte se fica a dever a uma língua comum. Mas não só: existe uma relação de ódio e amor mas, no fim, portugueses, moçambicanos, angolanos, são-tomenses, cabo-verdianos e guineenses tem uma relação de intimidade muito forte. Com muitos mas e reticencias, mas omnipresente.

Abraço

JC disse...

Respeito a sua opinião, Rui ("needless to say"), mas para mim povos irmãos são os europeus (ingleses, alemães, nórdicos, espanhóis, etc) e depois desses, e a um outro nível, os americanos do norte. É com eles que mais me identifico e, devo dizer, a minha pátria é essa comunidade de valores e princípios e não a língua portuguesa. Já agora, parabéns por se terem visto livres do Menezes. Espero a colaboração entre o Rui Moreira e o PS (embora o PS da concelhia do Porto não me dê mtªs garantias)frutifique. Abraço.

Anónimo disse...

É engraçado que em relação aos Brancos, é constante o relembrar das coisas negativas que aconteceram no passado.

Por exemplo, em relação aos Muçulmanos, que nos escravizáram e oprimiram durante séculos, o que nos ensinam é que trouxeram uma máquina de tirar água do poço.

PS - Será que o Diamantino teria sido expulso se fosse negro? Não me parece! Não deve ter sido a primeira pessoa a ter, publicamente, declarações acaloradas em Moçambique.

Anónimo disse...

PPS - E Angola não é, definitivamente, um país-irmão. Quem expulsa todos os Brancos do seu país, independentemente de serem boas ou más pessoas, não merece esse estatuto! Lembram-se da frase, repetita ad infinitum, "os Brancos não pertencem em África"? Irónico, quando saímos à rua em Portugal, actualmente...