Não pelas mesma razões do PCP, mas confesso também não simpatizar muito com o formato de entrevista televisiva que a RTP vai adoptar no seu novo programa "O País Pergunta", em que um X número de cidadãos tem oportunidade de entrevistar directamente um político ou governante, neste caso o primeiro-ministro e o líder do principal partido da oposição. É que sob a capa de uma total democraticidade e "transparência", do "dar a palavra ao povo" e do acesso desse mesmo "povo" aos grandes meios de comunicação, estamos, de facto, perante uma verdadeira armadilha populista; perante um confronto de uma enorme desigualdade em que de um lado está alguém que, dispondo de enorme traquejo mediático, um total conhecimento dos assuntos e um batalhão de assessores, enfrentará o "teste" com enorme à vontade, total conhecimento das matérias e se terá preparado até à exaustão e, do outro, simples cidadãos sem acesso a idênticos, ou sequer comparáveis, níveis de informação, para além de por certo se sentirem mais ou menos intimidados no cenário e com a situação. Para além disso, estamos também perante a demissão do papel de intermediação que é suposto o jornalista, enquanto profissional, assumir. Que seja a RTP a escolher este caminho é lamentável.
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