Claro que a chanceler Angela Merkel irá utilizar a sua visita a Portugal como acção de propaganda interna tendo em vista as eleições do próximo ano. Em em termos europeus tentando demonstrar a sua estratégia é a correcta. Nesse aspecto, irá tecer com certeza rasgados elogios ao comportamento do governo português e ao "sucesso" dos resultados obtidos até aqui pelo programa de ajustamento. Aliás, isto tem sido glosado em vários tons pelo comentário político e, por isso mesmo, o que aqui afirmo nada tem de original. Mas, também não menos claro, o governo português, perante a mais do que provável contestação de rua e posto perante críticas em tom crescente de oposição, "opinion makers" e cena mediática ao modo como tem actuado junto das instituições e poderes europeus, não deixará também de aproveitar a ocasião para demonstrar "urbi et orbi" as vantagens de ser um bom aluno, "atento, venerador e obrigado". Isto é, de que o modo como tem actuado acaba, no fim, por trazer as devidas compensações.
É nesta estratégia que se insere esta notícia sobre possíveis investimentos de empresas alemãs em Portugal (oxalá fosse verdade!...), cuja única e exclusiva fonte é o presidente da AICEP e que, segundo o próprio, não passam mesmo de vagas manifestações de intenção. Tal não impede, contudo, o "Jornal de Negócios" de titular com grande destaque: "Bosch, AutoEuropa e Continental Mabor querem investir em Portugal". Jornalismo? Enfim, um "fretezito" ao governo de ocasião dá sempre algum jeito e, no fim, também demasiadas vezes compensa.
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