Ora vamos lá ver... A necessidade de existência de um serviço público de rádio e televisão e o modo como ele possa ser assegurado, quer directamente pelo Estado quer indirectamente através de um qualquer regime contratual com privados, é um assunto que deveria ser seriamente discutido e não transformado em arma de arremesso político ou em oportunidade de negócio para poucos, normalmente ligados a empresas que apenas existem e subsistem em função das ligações políticas dos seus detentores e responsáveis. É uma questão política e ideologicamente (sim, ideologicamente) importante no modo como olhamos o país e na definição de como queremos ele venha a ser no futuro. Não é, nem pode reduzir-se, portanto, a uma mera questão contabilística: a democracia, o bem estar dos cidadãos, uma sociedade aberta, educada e culta, aquilo a que chamamos civilização, enfim, têm custos, e é necessário todos nos convençamos disso e não nos deixemos embalar e iludir pela demagogia populista dos "Correio da Manhã" e quejandos.
O problema... o problema é que tenho sérias dúvidas que a maioria dos portugueses - leitores desse género de "pasquins", espectadores das telenovelas e dos reality shows" da SIC e TVI (convenhamos que a RTP também não tem ajudado), intervenientes nos diversos "fóruns de opinião" e seguidores do "Dia Seguinte", intoxicados diariamente pelo tablóidismo dos "media" - sinta este assunto como seu, seja sensível a este tipo de argumentação e se mostre capaz de pensar para além desse seu mundo demasiado "pequenino" e redutor dos "malandros dos políticos, dos "carros de luxo da RTP", dos "ordenados milionários dos gestores públicos", etc, etc. O problema, o verdadeiro problema é que são os próprios políticos a fomentarem demasiadas vezes esse mesmo populismo mediático - que confundem, erradamente, com luta política - e, mais tarde ou mais cedo, sabemos tal acaba por se voltar contra esses mesmos "aprendizes de feiticeiro". PS, PSD e CDS - e menciono apenas estes por se tratarem dos partidos que exercem ou já exerceram funções governativas - já todos eles provaram à vez do veneno que produziram ou ajudaram a preparar. Por enquanto, vai-nos valendo o guarda-chuva da UE, enquanto esta dura nos moldes actuais. E se houver um "depois" e "chover mesmo em Lisboa"?
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