terça-feira, agosto 21, 2012

O Pingo Doce e o "dinheiro de plástico"

Ao deixar de aceitar dinheiro de plástico nas compras inferiores a €20, o Pingo Doce está a assumir um risco? Bom, digamos que esta decisão, nada "consumer friendly", parece contraditória com a imagem ("Pingo Doce venha cá" ou "se lhe dá jeito, o Pingo Doce faz") que o grupo de lojas tem vindo a tentar consolidar nos últimos tempos, podendo vir a gerar alguma "má vontade" junto dos clientes. Mas, por outro lado, acentua a sua imagem como um "promotional discount store", o que parece estar em linha com o seu reposicionamento recente e tenderá a melhorar o tempo de espera no "check out", o que também significa maior eficácia no serviço prestado.

Quanto ao risco efectivo de perda de clientes. tal já me parece bem mais distante: no segmento "supermercados de vizinhança", de "compra por conveniência", o Pingo Doce é quase monopolista e a nas chamadas "grandes compras", ou "compras do mês", onde o risco de perda de clientes para a Sonae poderia ser maior, o dinheiro de plástico continuará a vigorar. 

Digamos, no entanto, que estamos perante uma decisão "antipática", que corre o risco de reavivar a controvérsia sobre as acções recentes da cadeia e a imagem pouco consensual e conflituosa do seu patriarca, tendo-se ambas transformado, simultaneamente, em imagem de marca e modelo de intervenção política da família. O Pingo Doce e o grupo Jerónimo Martins parecem dar-se bem com o estilo e conteúdo, mas convém ter algum cuidado quando na promiscuidade entre negócio e intervenção política esta tende a tornar-se dominante e, principalmente, demasiado visceral. Acresce que Alexandre Soares dos Santos e a Jerónimo Martins não são banqueiros. Nem sequer grandes industriais ligados à metalurgia ou à indústria química, por exemplo. Ou jovens empresários de um qualquer Silicon Valley: são merceeiros. Bons merceeiros. Têm-se mesmo revelado excelentes merceeiros, o que se saúda e tem todo o mérito. Mas merceeiros e isso, nada tendo de negativo, faz contudo toda a diferença.  

3 comentários:

ié-ié disse...

Não sou fã do Pingo Doce, muito longe disso, mas aceito que a SIBS exorbita nas taxas que cobre. Disse-me um lojista que paga 2,5 € à SIBS por cada operação de Multibanco, independentemente de cada operação!

Vai dar-me muito gozo, ver o Pingo Doce recusar o meu cartão e eu deixar as compras à guarda do caixa!!!

LT

JC disse...

E pedires o Livro de Reclamações!...

Karocha disse...

Tudo JC!
Era só o que faltava...