sexta-feira, agosto 03, 2012

3 notas 3 sobre uma manhã olímpica

  1. Para além do atletismo ser dos desportos com projecção mundial talvez o único onde a Europa está longe de ser o continente dominante, os campeonatos da Europa deste ano, disputados menos de um mês antes do início dos Jogos Olímpicos, não tiveram qualquer relevância em termos classificativos e de "amostra" para o que poderia acontecer nos Jogos de Londres: muitos dos melhores atletas optaram, pura e simplesmente, pela ausência. Por isso mesmo, é desonesto acenar com os títulos de vice-campeão ou vice-campeã da Europa (e etc) para provar a validade das candidaturas desses atletas a medalhados ou sequer finalistas olímpicos.
  2. É certo e mais do que sabido que os resultados dos lançamentos em Jogos Olímpicos e Mundiais são sempre, no seu conjunto, inferiores a muitos dos resultados conseguidos pelos mesmos atletas ao longo da época. O controlo "anti-doping" assim o determina. Comparar os resultados obtidos nessas condições com os melhores resultados obtidos nessa época é, pois, um disparate.
  3. Como é possível que Portugal envie aos Jogos Olímpicos um atleta cuja marca obtida nos 400 metros barreiras, nas eliminatórias, foi 51,40 segundos? Isto numa prova em que o "record" nacional é 48,77 segundos e na qual Portugal já conseguiu um 4º lugar, por José Carvalho, nos Jogos de 1976? Será que o combate ao desperdício tem apenas que ver com o populismo do relatório (aliás de credibilidade duvidosa) sobre as Fundações ou a muito propagandeada renegociação das Parceria Público/Privadas (da qual, aliás, ainda estamos para ver quais os resultados efectivos)?

3 comentários:

Vic disse...

1- Não será só no atletismo, no basquetebol a Europa está a milhas das Américas e na natação também não estão assim tão perto. Mas não me parece que no que aponta haja desonestidade, tão só de algum irrealismo. O que é certo é que também nunca ninguém esperou que Nelson Évora fosse campeão olímpico, e foi-o.
2- Lido este seu ponto, meu caro JC, dá-me a impressão que de certo modo insinua que o Marco Fortes se dopou durante o ano inteiro, parando só agora em altura de JO?
3- Aqui, estou completamente de acordo consigo. Mas se os responsáveis estabelecem mínimos e os atletas os atingem, não têm outro remédio senão levá-los. Quanto a mim, o problema resolvia-se se criasse um mínimo de vezes para os atletas atingirem esses mínimos, 5 digamos, para conferir se a estabilidade dos atletas nessas marcas é sustentada.
Bom, mas este ano, penso que ninguém se salva - até aos judocas já foi retirado o estatuto de atletas de alta competição, com a consequente perda das respectivas bolsas - a não ser a dupla do remo, e talvez esta aridez de resultados aliada ao periodo de vacas magras que o país atravessa, sirva para que os responsáveis abram de vez os olhos. (embora sinceramente, e pelo que é costume a casa gastar, duvido muito que tal aconteça)

JC disse...

Caro Vic:
1. A diferença é bem menor no basquetebol ou na natação. Existem mtº boas equipas de basquete na Europa e não existe o poderio que África e até Ásia têm no atletismo. E não se trata de serem campeões olímpicos ou até mesmo ganharem medalhas. Neste caso, estou a falar da sobrevalorização que se fez do resultado de Patrícia Mamona nos Europeus e nem sequer digo não deveria ter ido aos JO ou que teve uma má prestação. Acho esteve dentro do esperado e este é um dos casos em que faz sentido ter ido. O problema é a sobrevalorização que se fez desse resultado.
2. Não estou a insinuar nada. O que afirmo é uma realidade que se pode constatar há mtº anos. Toda a gente o sabe.
3. Não é só uma questão de conseguir os mínimos apenas uma ou várias vezes. Para além disso tem de existir um seleccionador ou um comité de selecção ao qual caiba a última palavra. E, em termos gerais, uma estratégia de longo prazo definindo quais as modalidades nas quais se deve investir. Não faz qualquer sentido, p. ex., continuar a investir na natação.
Abraço

Vic disse...

Meu caro JC,
Em basquete, qualquer equipa dos Estados Unidos que jogue a sério com qualquer equipa europeia, dá-lhe mais de 40 pontos. Não há nem uma única que escape a uma tareia, a não ser que os americanos entrem displicentes.
Quanto à Patrícia estou de acordo. É o tal irrealismo de que falei.
E quanto à natação, já abordámos a questão e sabe que também estou de acordo consigo.