quinta-feira, agosto 16, 2012

Sobre os 35 anos da morte de Elvis Presley

Publicado neste "blog" quando dos 30 anos da morte de Elvis Presley, a 16 de Agosto de 2007:

"Confesso que pouco ou nada me interessa a efeméride assinalada com os trinta anos da morte de Elvis Presley. Ou dez, vinte, quarenta ou cinquenta (e etc), se lá chegar. Muito menos os disparates que oiço e leio nos media portugueses. A questão tem nula importância para a história do rock n’ roll e da música popular, estando, isso sim, muito mais ligada a fenómenos de religiosidade pagã comuns a muitas personalidades do show business, chamem-se Elvis, Eva Péron (a política, tal como Evita a encarava, também é, ou é principalmente, espectáculo) ou Carmen Miranda. Se, em Portugal, nada de semelhante se passou com Amália Rodrigues isso deve-se, talvez, ao facto de ter morrido já retirada e com idade respeitável, mas também, um pouco, ao 25 de Abril e às modificações muito rápidas a que ele deu origem na sociedade portuguesa durante as duas décadas seguintes. Aliás, existem semelhanças notáveis nos percursos de Elvis e de Amália, mormente o facto de terem tido carreiras relativamente longas, mas a sua importância na história da música popular (a níveis diferentes, evidentemente), bem como a qualidade da música por ambos produzida, se ter restringido a um período muito curto. Mas adiante...

Se quisermos assinalar a morte de Elvis Presley seria bem melhor escolher uma data como 24 de Março de 1958, dia em que “entrou para a tropa”. Ou também o dia em que deixou a Sun Records, de Sam Philips, e assinou contrato com a major RCA. Ou, ainda, o dia em que o célebre “Colonel” Parker se tornou seu manager e Elvis começou a deslizar do terreno do rockabilly e do rock n’ roll para o de vedeta do show business e do music-hall, algures entre Hollywood e Las Vegas. Isto, porque o contributo de Elvis para o nascimento do rockabilly, enquanto fusão do rock n’ roll dos negros (o termo era um eufemismo para o acto sexual) e do hillbilly dos brancos – com toda a importância sociológica que irá ter na luta contra o conservadorismo e a segregação racial na década seguinte – se restringe, fundamentalmente, ao período das suas gravações para a Sun e início do seu período RCA, onde as primeiras edições são, ainda, algumas delas, “fitas” compradas à Sun.

Elvis nasceu de facto a 5 de Julho de 1954 (data em que gravou “That´s All Right”, um blues de Arthur “Big Boy” Crudup, para a Sun), e morreu a 24 de Março de 1958, dia em que foi alistado na infantaria do tio Sam. Este é de facto o período que dá origem ao nascimento de uma nova cultura, e não apenas a uma nova música. Sejamos rigorosos e justos nas comemorações."


Alguns nomes e factos importantes:

A ouvir:

  • “The Sun Sessions CD” (RCA) – inclui todos os originais de Elvis para a Sun, gravados em Memphis, Tennessee, entre Julho de 1954 e Julho de 1955.
  • Alguma colectânea (há muitas) das suas primeiras gravações para a RCA, incluindo temas como “All Shook Up”, “Mean Woman Blues”, “Hound Dog” (da dupla Leiber-Stoller, escrito para “Big Mama” Thorton), “Blue Suede Shoes” (um original de Carl Perkins, seu colega na Sun), “Rip It Up”, “Ready Teddy”, Baby I Don’t Care” (Leiber-Stoller), “Lawdy Miss Clawdy” (de Loyd Price), “Don’t Be Cruel”, “I Got A Woman” (Ray Charles), “Tutti Frutti (de Little Richard), “Money Honey”, etc.
  • Outros nomes da Sun Records do mesmo período: Jerry Lee Lewis, Roy Orbison, Carl Perkins, Sonny Burgess, Warren Smith (in “The Best Of Sun Rockabilly” ou “The Sun CD Collection – Rock n’ Roll Originals").
  • Outros: Johnny Burnette, Larry Williams, Little Richard, Charlie Feathers, Arthur “Big Boy” Crudup."
A evitar: 
  • "Tudo o que tenha a ver com as comemorações da sua morte, incluindo a grande maioria das referências nos media, bem como as gravações posteriores a 1958.
  • Os filmes."
Outros nomes:
  • "Sam Phillips – proprietário da Sun Records, em Memphis, que gravou e editou os primeiros discos de Elvis Presley e foi um dos primeiros brancos a gravar música negra (Howlin’ Wolf, Junior Parker, etc)".
  • "Dewey Phillips e WHBQ – foram o primeiro disk jockey e a primeira rádio a “passar” “That’s All Right” a 7 de Julho de 1954. Convém lembrar que foi a pujança e proliferação das editoras de discos e rádios locais, e a sua concorrência numa América em crescimento no período do pós-guerra, que esteve na base da divulgação da nova cultura "juvenil".
  • Scotty Moore – primeiro manager de Elvis e guitarrista nas suas primeiras gravações."


Elvis Presley - "That's All Right" (lado "A") e "Blue Moon Of Kentucky" (lado "B")
1ª  gravação (5 de Julho de 1954, editada a 19 do mesmo mês) em disco de Elvis Presley (SUN 209)
Originais de Arthur "Big Boy" Crudup e Bill Monroe, respectivamente.

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