Sim, eu sei que a credibilidade da imprensa desportiva se aproxima ou até mesmo já ultrapassou o nulo, mas mesmo mesmo para isso, para a demagogia e para a estupidez deveria haver limites. Hoje, o jornal "O Jogo" coloca em manchete, na sua primeira página, os montantes investidos na preparação dos atletas olímpicos de canoagem (1.4M), natação (2.4), judo (2.1) e atletismo (4.3) concluindo, por comparação, da injustiça cometida para com a canoagem. Uma estupidez, claro, já que se os resultados desportivos dependem em parte significativa do investimento realizado, nada permite concluir, apenas limitando-se o jornal a lançar de forma demagógica estes números à cara dos cidadãos, que a multiplicação do investimento na canoagem tivesse retribuição proporcional nos resultados obtidos.
Se é indiscutível, pela simples verificação das classificações alcançadas, alguns desportos têm demonstrado maior sensibilidade ao investimento realizado (atletismo, judo e canoagem estarão entre eles), para questões de justiça ou injustiça (se é que tal é relevante - não o creio) ou de adequação do investimento não basta comparar as verbas disponibilizadas para cada um deles: cada desporto tem a sua realidade, a sua história, a sua capacidade para crescer, progredir e apresentar resultados e é em função disso que o investimento deve ser realizado. Mas, claro, num país em que se tornou moda atirar com custos e gastos à cara dos cidadãos empobrecidos, sem qualquer outra preocupação ou espaço reservado a uma simples análise custo/benefício, principalmente quando este não é tangível, e quando vemos que tal atitude parte demasiadas vezes do próprio governo do país, nada disto já causa qualquer espanto ou admiração.
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