terça-feira, outubro 04, 2011

Amanda Knox

Quando leio sobre a deplorável investigação da polícia italiana no caso Amanda Knox, lembro-me, de imediato, dos casos "portugueses" de Madeleine McCann, Joana e Rui Pedro, em que o desleixo, a meias com o mais puro amadorismo, arrogância policial e desprezo pelos direitos e garantias dos cidadãos, em conjunto com a  manipulação dos "media" para disfarçar a incompetência generalizada, geraram autênticas monstruosidades processuais. Parece que, apesar de toda a tecnologia de investigação actualmente ao dispor das polícias, as "little grey cells" de Poirot e a bisbilhotice de Miss Marple ainda levam a melhor. Pena não ser tudo como nos livros e nos filmes...

6 comentários:

Anónimo disse...

No caso Joana é de facto de lamentar que não se tenha encontrado o corpo do delito, além das agressões à arguida, presumindo que a Justiça, encontrou no processo outros dados suficiente para condenar, nomeadamente, testemunhos de familiares.

Já no caso de Rui Pedro há um arguido constituído e o processo ainda não acabou.

Nos casos dos McCann, respeito a decisão da justiça portuguesa ao decidir não os acusar e aguardando por melhores provas. Outra coisa é pôr uma mão fogo por estes.
A polícia inglesa colaborou com cães especialmente dotados para detectar cheiro de morte, mais dotados neste particular que Poirot ou Miss Marple, cujo resultado é deveras intrigante em relação ao carro e apartamento dos McCanns que, é bom não esquecer, deixaram três crianças a sós num apartamento para ir curtir com uns amigos num bar.

Além dos cães, existem ainda muitos ingleses que não confiam na inocência dos McCann tentando promover uma investigação inglesa em relação à desaparecida, partindo do princípio irrefutável da referida negligência dos pais.

No caso de Amanda Knox, o processo não transitou em julgado, seguindo recurso pela acusação para o Supremo Tribunal italiano, ou seja, não há uma decisão definitiva.
Porém, o que é um facto, é que a dita tentou incriminar um terceiro, alegando que este estaria presente no local do crime, o que não se comprovou.
Geralmente quem é inocente terá melhores argumento que incriminar injustamente terceiros, mentindo.

O que me preocupa mais é a trágica sorte Madeleine, Rui Pedro, Joana, e a jovem assassinada de uma forma brutalmente inusitada.

Cumprimentos
JR

JC disse...

Todos estes casos têm um elemento em comum: péssimas investigações policiais. Em alguns casos (Joana e McCann) acrescem atropelos aos direitos e garantias dos cidadãos com a conivência e colaboração da comunicação social, para disfarçar essas péssimas investigações. Noutros (Rui Pedro) claro desleixo.No caso Amanda Knox, e de acordo com o que li (tentei informar-me o melhor que pude), a uma inenarrável investigação da polícia italiana junta-se uma acusação e um 1º julgamento sem quaisquer razões probatórias relevantes ou inequívocas. Tudo isto nos faz ter mtº pouca confiança na Justiça.
Já agora: para mim, Amanda Knox e o casal McCann são inocentes: no caso Knox pq foi absolvida e até eventual novo julgamento que possa vir a provar a sua culpabilidade, assim será. No caso McCann nem sequer existiu acusação e o facto de desconfiarmos ou não da sua versão, de serem ou não personagens simpáticas, é absolutamente irrelevante. A mãe de Joana foi condenada e cumpre pena, ponto final. Mas está provado como foi arrancada um "confissão". Quanto ao acusado no caso Rui Pedro,veremos o que acontece. Mas que credibilidade pode ter uma acusação que parece quase ter sido deduzida "a pedido" e mais de uma década depois? Pelo que li, a sustentação respectiva parece-me mtº frágil. Veremos o que diz o tribunal.
Outra questão: O facto de Knox ter tentado incriminar um terceiro não a torna culpada do crime de homicídio. Foi considerada culpada de difamação e cumpriu pena por tal crime. Ponto final.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Respeito, e muito, o seu ponto de vista.

Mas justiça italiana ou portuguesa não são piores que outras, por exemplo, a americana, que foi recentemente notícia pelas piores razões possíveis. Refiro-me à controversa execução de Troy Davies que provocou um grande mal estar social naquele país e ao caso do "português" George Wright que durante 41 anos fez gato sapato daquela justiça, para não falar da forma como foi inicialmente tratado Strauss-Kahn aqui muito bem abordado por JC.

E no entanto, é da América que vêm os CSI Las Vegas, Miami, NY ..., Bones, Lie to Me, Mentalista, Investigação Criminal Los Angeles, Columbo ... "you name it", fazendo crer que ali vigora uma investigação tão infalível como o Papa.

Se a isto acrescermos os voos ilegais de rendição de prisioneiros para serem torturados em ditaduras pouco recomendáveis, esse escândalo subtraído a qualquer jurisdição cível ou criminal que é Guantanamo, a blindagem e divinal imunidade que goza um presidente que ordene uma guerra preemptiva a um país soberano com base em pretextos comprovadamente falsos( Iraque), teremos um quadro que quase faz da justiça portuguesa e italiana um salomónico e exemplar limbo, no caso da italiana até se deve fazer uma vénia a todos aqueles que perderam as suas vidas no combate ao flagelo das máfias.

É evidente que existem erros, aliás, sempre existirão, havendo sempre muito a melhorar, além de o mal dos outros não nos poder aliviar de responsabilidades.

JR

JC disse...

Caro JR: não quis ser exaustivo. Por isso, os casos que aqui citei são meros exemplos. Não acompanhei o caso George Wright, mas quanto a Troy Davies (por sinal, um dos meus filhos até estava em Atlanta na altura da execução e conversámos um pouco s/ isso) parece-me ter v. toda a razão: uma condenação forçadíssima pq era preciso encontrar um culpado. Uma boa razão (como se tal fosse necessário...)para ser contra a pena de morte. Já quanto a DSK, poderemos falar daquele espalhafato na detenção, completamente despropositado e atentatório da dignidade de quem é inocente até prova em contrário. Mas a investigação parece-me ter sido célere e bem conduzida. Quanto a Guantanamo, não vale a pena chover mais no molhado: já se disse tudo. uma lástima. Já agora, se gosta de bons policiais "à inglesa" (i.e. s/ tecnologia e espalhafato, mas com gente dentro) veja "Midsomer Murders", no FOX Crime aos sábados pelas 21.30h (repete aos domingos pelas 18.45h)
Cumprimentos

JC disse...

Já agora - e não estou c/ isto a afirmar seja esse o seu caso:as pessoas, na generalidade, esquecem-se que para alguém ser condenado têm de existir provas irrefutáveis da sua culpabilidade. "Beyond reasonable doubt".

Anónimo disse...

Irei dar uma espreitadela à "Midsomer Murders".
Um sugestão televisiva vinda de JC, com tantas provas aqui dadas, só pode ser interessante "beyond a reasonable doubt".
Muito obrigado.
Cumprimentos

JR