Ok, a defesa, com a possível excepção de Bruno Alves, foi composta por elementos que mal alcançam uma envergonhada mediania. Mas atenção, já vimos mais ou menos esta cena também com Bosingwa, Ricardo Carvalho, Pepe e Fábio Coentrão: principalmente nos jogos "fora", contra equipas da 2ª linha europeia mas rápidas e agressivas, pressionantes e com capacidade atlética juntando a isso uma técnica acima do razoável (as Dinamarcas, Polónias e Suécias deste mundo), o meio-campo da selecção portuguesa não consegue mandar no jogo, circular a bola, criar desequilíbrios no ataque e ser eficaz nas transições defensivas. Cria assim uma "folga" e o à vontade suficiente para a defesa e meio-campo contrários poderem subir no terreno, e desprotege a sua própria defesa possibilitando os médios contrários apareçam sem marcação junto dos seus avançados. Digamos que os médios não marcam nem se desmarcam.
Pois... "mostrem-me um bom meio-campo e eu mostro-lhes uma boa equipa".
13 comentários:
Caro JC
A selecção está como o país...de rastos.
Cumprimentos
Acho que Bruno Alves sempre fez parte da mediania, só que jogava em Portugal num clube em que tudo lhe era permitido...
A falta de Ricardo Carvalho não explica tudo, agora a forma como saiu talvez explique bastante. A vaidade, a arrogância, pagam-se caros!
Demasiado generoso, meu caro. O Rolando em dois jogos vale 5 golos, só que na própria baliza. E nenhum dos outros tem lugar numa equipa com o mínimo de ambições.
Por isso, talvez não seja pior não irmos ao Europeu, onde neste momento não temos condições para ser mais do que figurantes.
Lembro que, no último apuramento (Campeonato do Mundo), fora esta mesma Dinamarca que igualmente suplantara Portugal, relegado ao “play-off”.
Todavia, chegada ao Mundial, a Dinamarca ficaria pela fase inicial, ao contrário de Portugal que sempre lograria passar à fase seguinte, entretanto travado pelo futuro campeão do mundo com um discutível golo em “off-side”.
O conjunto actual é mais fraco em termos colectivos e individuais embora conte com um treinador bem mais competente que o anterior. Estou em crer que, se Paulo Bento pegasse na equipa desde o princípio, a história teria sido diferente.
Em todo caso, nada está perdido. As receitas de bilheteira e direitos televisivos do “play-off” vão dar mais um conforto aos cofres da FPF e gerar mais uns prémios de jogo. Além disso, um campeonato europeu sem Ronaldo ( a indiscutível estrela maior do futebol europeu) teria muito a perder, seria como uma Copa América sem Messi.
Mesmo que seja para se ficar pela fase inicial, Portugal que ainda se encontra no “top tem” mundial, deve marcar presença. O que eu lamento é que alguns dos jogadores da selecção sub-20, vice-campeões do mundo, ( por exemplo, todos os seus defesas ) não tenham lugar nas equipas nacionais, estas transformadas num entreposto de aclimatização de jogadores exóticos pertencentes a fundos externos, rodando e melhorando as suas comprovadas aptidões para um futuro ingresso na selecção.
Uma palavra para as excelentes exibições de Rui Patrício ( salvou de uma goleada), Nani ( sempre a remar contra a maré) e Ronaldo ( um golaço a compensar uma exibição sofrível, fosse ele mais cedo e as coisas podiam mudar).
JR
1. A Grécia está bem pior e a sua selecção apuraou-se sem dificuldade.
2. Dylan e Queirosiano: Lá estão vocês c/ a defesa. Claro que o único que tem lugar numa selecção c/ ambições será, vamos lá, Bruno Alves. Mas como tento explicar, o problema está, fundamentalmente, num meio-campo s/ andamento, ofensivo e defensivo, para aquele tipo de futebol. Falta um bom "pivot" defensivo,que cubra o adiantamento dos laterais, passar Meireles para "8" e ter Moutinho em forma apresentável. E defesas-laterais que saibam recuperar nas transições defensivas. E, claro, nenhuma equipa pode ser eficaz quando nenhum dos avançados pressiona. O único que o costuma fazer é Hugo Almeida. Vejam uma coisa: No Man. Únited, Rooney pressiona, libertando um pouco Nani dessas tarefas. No Madrid, Di Maria sabe pressionar, libertando Cristiano. Enfim...
JR. Deixe lá isso dos jogadores sub-20. a maioria deles nunca atingirá a maioridade futebolística e não será por culpa dos clubes e dos estrangeiros. A selecção tb beneficia - e mtº - dos jogadores portugueses que actuam no estrangeiro. E, voltando aos sub-20, nos seniores o ritmo e intensidade de jogo são outros. Veja quantos jogadores da selecção de Riad atingiram estatuto acima da mediania enquanto seniores: 3 ou 4. Faltam a esta selecção jogadores de qualidade e, mesmo que vá à fase final, o seu limite normal serão os 1/4 de final, se tudo correr bem (no Europeu não há 1/8 final).
Acho que me expliquei mal, e de maneira insuficiente.
Falei na defesa porque é má demais para uma equipa com um mínimo de pretensões (curioso como entre o jogo com a pobre Islândia e o dia de ontem os comentadores teciam loas ao matacão que se arranjou para defesa esquerdo...)
Mas o problema é mesmo mais estrutural do que aquilo que o JC aponta: há frequentes observações de que o Ronaldo e o Nani não rendem muito (ou não rendem o mesmo que nos seus clubes) a jogar pela selecção. A verdade é que bons jogadores precisam de um mínimo de apoio qualificado para poder brilhar. E nós temos muito poucos jogadores bons.
Criou-se em Portugal a ideia de que somos uma potência do futebol, mas a verdade é que até 2000, salvo erro, raramente púnhamos os pés numa fase final de qualquer coisa. Ou seja, pretendeu-se fazer de uma conjuntura (passageira por definição)uma verdade absoluta, em vez de se realizar que vivemos durante 10 anos da conjugação excepcional de um grupo de jogadores que não corresponde à generalidade do nosso futebol.
Parece-me que o que está a acontecer é o regresso à realidade, que começa por irmos jogar o play-off com potências da nossa estatura, como o Montenegro ou a Turquia.
Dos sub-20 vice-campeões do mundo haverá certamente alguns que atingirão maturidade.
Riad ou o posterior campeonato do mundo sub-20 ganho em Portugal sempre revelaram valores como Figo, Rui Costa, Jorge Costa, Vítor Baía, João Pinto.
A diferença é que estes jogadores passaram desde logo a jogar nas melhores equipas nacionais ao passo que os actuais vice-campeões são relegados, em regra, para equipas menores ( a título de exemplo, o Genéve recém-primodivisionário na Suiça ).
Aliás, quantos jogadores das respectivas escolas ou nacionais são titulares regulares nos três grandes ?
Atente-se também ao que está a acontecer ao Arsenal e ao Liverpool depois de se transformarem em equipas das "nações unidas" e à consequente "performance" da selecção inglesa, o que levou as autoridades inglesas a imporem critérios de aquisição de jogadores.
Compare-se esta situação com o Barcelona e até o Real e talvez por aqui se compreenda porque a selecção vizinha é campeã do mundo e europeia.
Cumprimentos.
JR
Queirosiano: totalmente de acordo c/ a sua análise.
JR: Os jogadores que cita (c/ excepção de João Pinto que esteve nas duas e nunca fez carreira a alto nível internacional, são todos de Lx (Baía não foi a nenhuma pq P da C não deixou). Já agora, Rui Costa tb esteve emprestado ao Fafe( de nível bem inferior ao Geneve), Jorge Costa ao Penafiel e Marítimo e por aí fora. Mesmo joão Pinto este no Atlético de Madrid B. Sobre o proteccionismo que me parece advogar, veja, p.f., aqui a minha opinião: http://eusouogatomaltes.blogspot.com/2011/08/futebol-proteccionismo-e-seleccoes.html
Cumprimentos
.
Não se trata de bacoco ou puro e duro proteccionismo mas sim de critérios de aquisição a exemplo dos impostos aos clubes ingleses baseados em itens identificadores de qualidade obrigatórios para os não nacionais o que tendencialmente favorece a sustentabilidade e continuidade produtiva das escolas de formação.
E fosse só os ingleses, também na grande nação farol do neo-liberlismo nos seus hiper profissionalizados desportos e ligas super competitivas. Controlo de qualidade dos participantes de um espectáculo desportivo é diferente de proteccionismo.
O oposto será deixar os clubes terem a rédea solta para se deixarem capturar por fundos de terceiros cujos objectivos e lógica é substancialmente diferente daqueles.
Se há coisa que o actual estado do mundo nos ensina é que a total liberalização ou desrregulação desmedida não conduz aos idílicos resultados preconizados por Adam Smith a coberto de uma benemérita “mão invisível”, bem por contrário pode conduzir ao desastre. E o desporto profissional como realidade económica não escapa a isto.
JR
Mas eu não defendo a desregulação, caro JR. Mas não é legalmente possível limitar aos clubes a contratação de jogadores comunitários. Em Inglaterra, tal só vigora para os extra-comunitários. E qual a diferença, para a sua afirmação, entre um jogador formado em Portugal jogar num clube português ou estrangeiro? Ou os jogadores portugueses não beneficiam tb com o mercado comunitário? Não é bem melhor, para todos, jogar no Cluj ou no Anartosis Famagusta do que no Feirense ou Penafiel? Ou não é bem melhor para Nolito ou Witsel jogarem no SLB do que no Barça B ou Standard? Não é bem melhor para as selecções terem jogadores a actuar no Madrid, Atlético ou Man. United? Ou, no caso dos sub-21 e 20, a actuarem no Cercle Brugge ou no Servette do que serem dos plantéis dos melhores clubes portugueses e nunca jogarem? Ou jogarem na Liga de Honra? A regulação no futebol - que tenho defendido neste "blog" - não passa por aí, mas por medidas do tipo "Fair-Play Financeiro" e, no limite, criação de tectos salariais ou que se aproximem de qualquer coisa que acabe por funcionar como o "draft" da NBA. Nunca por discriminação por via da nacionalidade, que vai contra os princípios fundadores e vigente na UE e que em nada beneficiaria o futebol português.Mais: o futuro é a fusão das ligas nacionais e, no limite, a criação de uma liga europeia.
Cumprimentos
Rendido ao esclarecimento.
Cumprimentos
JR
Mande sempre, meu caro!
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