A questão fundamental que o PS deveria colocar ao governo enquanto único partido da oposição defensor da democracia liberal e de uma economia baseada (disse, "baseada") na livre iniciativa, enquanto partido representante das ideias e valores da social-democracia europeia, não deveria ser se as medidas adoptadas estão ou não para além do acordado no MoU: em última análise, no documento assinado com a "troika" Portugal compromete-se a atingir um determinado "déficit" para as suas contas pública, e o governo poderá sempre alegar que essas medidas são as necessárias para eliminar "surpresas desagradáveis". De igual modo, não se deve limitar a confrontar o primeiro-ministro com as enormes discrepância entre as suas promessas e afirmações eleitorais e pré-eleitorais e a política do actual governo: infelizmente, os cidadãos assumiram - e não é de agora - que tais promessas eleitorais valem o que vale, ou seja, pouco ou nada - e, acrescente-se, ninguém sai ileso. Acresce que nenhuma destas posições contém em si uma alternativa, muito menos mobilizadora. O que o PS deveria fazer, isso sim, é contestar o caminho traçado e a ideologia que o suporta como sendo totalmente inadequados aos objectivos de aumento da competitividade e crescimento económico a atingir a prazo, o que implicaria assumir o MoU como um contrato "contra-natura" (face à sua ideologia) que teria sido "obrigado" a assumir apenas por imperativo "patriótico" e como necessidade conjuntural. Demarcar-se-ia assim, ideologicamente, do actual governo e da linha de pensamento dominante na UE, abrindo espaço a uma alternativa no país e batalhando por ela na Europa. Sem isso, isto é, não o fazendo, está votado a um degredo de onde não consegue, sequer, fazer-se ouvir.
Nota: ao "dia de trabalho para a nação" do PREC e dos "camaradas" Vasco Gonçalves e Costa Martins sucede-se a 1/2 hora de trabalho para a empresa. Em ambos os casos tratam-se de medidas puramente ideológicas (e demagógicas), que nada acrescentam a coisissíma nenhuma. No caso actual, trata-se apenas de mostrar que se substituiu a baixa da TSU por outra coisa qualquer e de se poder dizer "lá fora" que somos trabalhadores e bem comportados. "Volta, "camarada" Vasco: estás perdoado".
4 comentários:
Força força companheiro Vasco...nós seremos a muralha d´aço.
Nós? Cá por mim, vendo a minha parte!
O "nós" não tem qualquer caracter associativo. Trata-se apenas da transcrição do refrão da canção.
Yes!
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