A economia, é sabido, vive muito em função das expectativas dos seus agentes. As famílias não consomem menos apenas em função da redução do seu rendimento disponível, mas também das expectativas e cautelas sobre o seu futuro: se esperam a sua situação se deteriore, aumentam a sua poupança e diferem o seu consumo. No caso das empresas, se esperam uma retracção da parte dos seus clientes, sejam eles o Estado, outras empresas ou as famílias, claro que restringem os seus investimentos e a expansão da sua actividade. Isto é o b+a=ba, claro.
Exactamente por isso, este tipo de afirmações alarmistas, ao estilo self fulfilling prophecy, vindas de quem, por bons ou maus motivos - pouco interessa - é um cidadão influente e com audiência e responsabilidades na sociedade portuguesa, é absoluta e totalmente lamentável, apenas contribuindo para, baixando ainda mais as expectativas, inflacionar a já mais do que esperada e inevitável (face às medidas existentes e futuras) espiral recessiva. Marcelo Rebelo de Sousa está assim, e mais uma vez, a prestar um péssimo serviço ao país.
Poder-me-ão dizer que, provavelmente, estará a falar verdade. Pois, mas quer se queira quer não, e ao contrário do que é voz corrente em muitos sectores do seu partido, saber gerir a comunicação faz parte dos atributos de um bom político e em política existem verdades tão inconvenientes que talvez seja bem melhor para todos mantê-las bem guardadas.
2 comentários:
A prioridade do Marcelo é o Marcelo. Qual é a estranheza ?
Nenhuma, meu caro, digo eu que nem vejo as suas homilias dominicais. Mas é bom que não se perca oportunidade para o reafirmar e mostrar o que MRS realmente vale e é.
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