Uma democracia pressupõe um governo e partidos que o apoiem, mas também uma oposição. E não só uma oposição que funcione nas margens do regime ou que a ele, globalmente e não apenas ao governo, se oponha: essa pode ou não existir sem que tal se reflicta necessariamente no normal funcionamento das instituições. Pressupõe, também, um ou mais partidos de alternativa com uma ideologia, programa e práticas governativas diferentes das dos partidos no poder mas que aceite, no essencial, os fundamentos do regime. Bem ou mal, concordemos ou discordemos das suas práticas (não é isso que está aqui e agora em questão), foi esse o papel assumido por PSD e CDS durante a vigência dos governos de José Sócrates, principalmente depois de Pedro Passos Coelho ter assumido a liderança do PSD e apresentado uma alternativa ideológica e de governo claras. Deveria ser esse o papel do PS, neste momento: apesar do seu compromisso com o MoU e das responsabilidades (embora não exclusivas) de governos por si apoiados na actual crise, apresentar aos cidadãos um caminho globalmente diferente, ou pelo menos em alguns dos seus aspectos essenciais, para a superação da actual conjuntura. Infelizmente para os cidadãos, para o país e para a democracia, a agenda política do PS parece limitar-se, neste momento, a mendigar um lugar à mesa do Orçamento de Estado de 2012, ao mesmo tempo que se tenta abrigar debaixo do guarda-chuva "gentilmente" aberto pelo Presidente da República. Pode ser que se molhe e, muito pior do que isso, arraste o país na enxurrada.
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