João Canijo transporta a sua "troupe" de actores e o seu cinema feito de uma viscosidade ensopada em suor e sangue do ambiente sórdido de uma casa de alterne (algures no norte?) para a promiscuidade de um bairro degradado da suburbanidade lisboeta. Da prostituição dominada pela máfia russa para o pequeno tráfico de droga da imigração africana, embora as dívidas se continuem a pagar em sexo.
Apesar de um argumento pouco plausível, no mínimo poussée à la limite, na parte da história que liga o triângulo Márcia (Rita Blanco), Cláudia (Cleia Almeida) e Alberto (Marcello Urgeghe), o que torna o filme menos homogéneo do que "Noite Escura", o dramatismo da cena "quase final" entre João Carlos (Rafael Morais), a tia (Anabela Moreira - excelente!) e o traficante, bem como a ternura simples da cena mesmo final entre mãe, filha e companheiro daquela (este sempre disponível, mas como elemento exterior ao núcleo duro familiar, alguém que não é "sangue do mesmo sangue", com dificuldade em se envolver em toda a extensão do drama), pertencem ao melhor cinema que vi nos últimos anos.
Também um festival de actrizes, mas isso já se disse muito por aí.
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