António José Seguro tem centrado o seu discurso político na questão da Madeira. Compreende-se: nunca Alberto João Jardim esteve numa posição tão fragilizada e, apesar da demarcação clara de Passos Coelho (que não de Cavaco Silva), nunca foi tão evidente a sua situação de "elo mais fraco do PSD" e, por arrastamento, do governo onde este partido é dominante. O "faux pas" de Passos Coelho e do governo no que diz respeito ao "timing" de apresentação da auditoria e do plano de resgate para a Região Autónoma dão a Seguro pretexto acrescido. Por outro lado, este discurso permite também ao PS desviar as atenções de eventuais responsabilidades do governo Sócrates numa deficiente execução orçamental do primeiro semestre, pois o partido poderá sempre invocar - e bem - que no caso madeirense estamos perante uma ilegalidade, algo bem mais grave do que "apenas"(!) um desvio orçamental.
Mas como convém sempre analisar o outro lado das coisas, este discurso tem um ponto fraco e assume um risco. Começa por demonstrar - ponto fraco - que o PS, exceptuando algumas declarações avulsas de um ou outro seu dirigente ou deputado, não tem uma proposta política e económica alternativa de fundo ao actual discurso dominante sobre as crise do Euro e da dívida, e modo de as resolver. Quanto a mim, seria em torno dessa alternativa às propostas, por um lado, do Partido Popular Europeu e, por outro, do radicalismo de esquerda, que o PS deveria articular no fundamental o seu discurso e mobilizar os seus apoiantes. Acresce - enorme risco - que numa eventual e talvez mais do que previsível vitória de Jardim nas eleições de 9 de Outubro com as percentagens habituais, e sem que o PS-Madeira consiga uma votação mais expressiva do que no passado recente, Seguro terá que assumir a estrondosa derrota desta sua estratégia. E, convenhamos, para que está há tão pouco tempo na direcção da partido, tal não constituiria, de facto, um bom augúrio.
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