Quando leio o que esquerda e direita radicais têm escrito, quase monopolizando a discussão(?), sobre aquilo (a história da bandeira monárquica) que, como fait-divers, não deveria merecer mais do que um sorriso cúmplice idêntico ao que se esboça quando da traquinice engraçada de uma criança, mas a quem compete dar uma reprimenda ao jeito de “pronto, isso não se faz e se tornas a repetir vais de castigo”, aquilo que sinto não é vontade de debater ideias (embora debater a questão do regime, neste momento, equivalha mais ou menos a discutir o sexo dos anjos), mas um profundo e empedernido - recalcado, mesmo - ódio de classe que vai muito para além da ideologia ou da natureza do Estado. É a incompatibilidade entre valores, formas de vida e de expressão, repelência epidérmica entre dois mundos que vivem no mesma dimensão sem nunca se tocarem: os “betinhos” e os “pés-descalços” da rua. Só esse tanto ódio e divisão classista assumidos, que nos remete para a primeira metade do século XX, justificará que se perca tão facilmente o sentido de humor.
2 comentários:
Boa sorte c/ o blog, Karocha!
Obrigada JC!
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