domingo, agosto 30, 2009

A "Festa do Avante" e o trabalho voluntário

Na sua reportagem de hoje sobre os jovens comunistas, a “Pública” pergunta a alguns voluntários da Festa do Avante porque sendo a Quinta da Atalaia propriedade do partido e realizando-se a festa todos os anos não se constrói uma estrutura mais permanente. Em resposta esses jovens respondem que tem tudo que ver com a “fuga à monotonia”, com o desejo que tudo seja diferente de ano para ano, com o apelo à criatividade.

Resposta errada, que não é contestada pelo autor da reportagem. Essa necessidade de construir tudo de raiz todos os anos, mesmo que o trabalho dos militantes e “amigos” do partido possa ser hoje em dia já relativamente acessório, tem, isso sim, a ver com o conceito da festa como fruto do trabalho gratuito e colectivo, com a imagem de militância que é necessário transmitir para o interior e exterior de um partido que não se quer confundir com nenhum outro, com uma certa superioridade moral arrogantemente assumida. Sem isso a festa perderia o conceito em que assenta e não conseguiria obter essa sua individualidade, justificativos do actual impacto mediático (como o prova a reportagem). Seria, digamos, um outro Pontal ou Chão da Lagoa com uma vertente mais artística e intelectual, um Festival do Sudoeste com uma ponta de política. Desapareceria o mito... pois claro.

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