Segundo notícia do “Público”, o Bloco de Esquerda argumentou contra o facto de, com a aplicação do modelo de avaliação de professores proposto pela actual equipa do Ministério da Educação, apenas 25% dos professores poderem ser considerados “muito bons” ou “excelentes”. Pois a mim, ao fim de mais de três dezenas de anos de trabalho em e com empresas onde se leva a sério a formação, avaliação e classificação dos seus colaboradores, o que me espanta é exactamente o contrário, isto é, que em qualquer profissão, e mais especificamente, pelo que vejo e oiço, na dos professores, possam existir 25% de profissionais que mereçam ser avaliados com tais classificações. Se me dissessem 5% acho andariam bem mais perto da verdade!
6 comentários:
As avaliações no meu trabalho são feitas segundo uma curva forçada, ou seja, por muito bom que eu seja, se os outros forem melhores a minha avaliação de final de ano é "Low", o que obviamente tem impacto no meu bonus e progressão de carreira! Não concebo outro tipo de avaliação. Uma avaliação que não seja comparativa é um total atentado à meritrocracia, já que no final todos levam nota máxima!
A minha experiência é idêntica, como sabe.
isto fez-me lembrar um velho professor de liceu que só dava notas de 17 para baixo.
Argumentava ele que o 20, sinónimo da perfeição, estava por definição reservado a Deus Nosso Senhor. O 19 só o Sr. Professor Oliveira Salazar teria direito. E o 18 seria para ele próprio, pois não admitia que qualquer aluno soubesse mais que o seu professor.
São questões mtº diferentes, Rato. Na questão das notas estamos perante uma classificação em termos absolutos (se tiver tudo certo tem 20, se tudo errado terá 0), não importando quantos alunos alcancem cada nota. Compete ao professor, em função dos alunos, elaborar um exame equlibrado para obter uma curva de distribuição de resultados tb equilibrada. Se todos tiverem 0 ou 20 (situações extremas) algo estará mal da parte do professor. Se o exame tiver sido bem concebido e os alunos bem preparados, mtº poucos terão mais de 16, a maioria estará nas notas médias, uma minoris terá negativa e as notas abaixo de 4 serão quase inexistentes. Isto não invalida (e já foquei o assunto aqui no "blogue", que em muitas áreas da vida portuguesa (até nas classificações dos futebolistas nos jornais e nas revistas de vinhos) exista actualmente uma tendência sobreavaliadora. No caso das avaliações profissionais, e como JC filho explica no seu comentário, estamos perante uma classificação em termos relativos, que permite elaborar um ranking dos colaboradores de uma instituição ou empresa e recompensá-los em conformidade. No caso dos professores, caro Rato, a questão é política e não vale a pena fingir: a partir do momento em que houver uma diferenciação séria pelo mérito efectivamente demonstrado, em que só os melhores progridam, em que as escolas dêem um contributo para a selecção dos seus docentes, em que o ensino público se flexibilize, etc, etc, os sindicatos, c/ a ultra-conservadora e estalinista Fenprof à cabeça, perderão grande parte do seu poder. É isso que, em última análise, está em jogo e é isso que não tem permitido a modernização do sector.
Concordo em absoluto. Aliás, só referi o caso daquele meu professor dos anos 60 pelo lado anedótico da coisa.
Claro que serias um dos 5%!...
Enviar um comentário