quarta-feira, dezembro 09, 2009

Medina Carreira, o mensageiro e a credibilidade da mensagem

Existem questões em que subscrevo as opiniões de Medina Carreira; noutras nem tanto assim, mormente no seu pessimismo militante, na sua visão apocalíptica para o país e no seu quase permanente apelo ao “golpe de estado” que em nada contribuem para um debate sério e para a resolução dos problemas do país. Mas reconheço as suas opiniões – como disse, algumas certas - tiveram em tempo alguma importância no alertar de consciências e no lançamento de um debate aprofundado. Mas devo também dizer que, independentemente da razão ou não-razão que diversamente lhe assiste, da maior ou menor verdade das suas afirmações, expressões como “aldrabice e trafulhice” - referindo-se ao programa “Novas Oportunidades” -, frases como “as escolas produzem analfabetos” ou “o que é que vai fazer com esta cambada, de 14, 16, 20 anos que anda por aí à solta? Nada, nenhum patrão capaz vai querer esta tropa-fandanga”, epítetos de “mentirosos e incompetentes” atribuídos aos governantes, podem dar boas manchetes, agradar ao “povo da SIC”, engrossar o populismo reinante e o “caldo de cultura” de “fim de regime” (mas qual seria o próximo?), mas em nada contribuem para elevar o debate, atribuir a dignidade necessária a quem as profere (o próprio Medina Carreira) e, assim, credibilizar o seu autor e respectivas afirmações, como disse, algumas delas porventura certeiras. Assim, todos perdemos.

E é pena que Medina Carreira, um homem superiormente inteligente, ainda não tenha entendido isso.

6 comentários:

Miguel Mauricio disse...

Acho muito bem o que Medina Carreira afirma!! Está coberto de razão!! Portugal é um país de trafulhas e trafulhices,de corruptos e de analfabetos produzidos com o aval do estado!Ao menos uma voz independente que se erga contra este status quo em que sobre-vivemos.

Anónimo disse...

tal carreira, tal crespo. estão bem um para o outro!

JC disse...

Caro Miguel Maurício: parece-me não entendeu bem o que eu escrevi. Não é tanto o conteúdo que está em causa, pese embora algumas das minhas discordâncias neste aspecto, mas as formas que utiliza para expôr as suas ideias, o que lhe (s) retira(m) credibilidade. Não é com este tipo de argumentação que se contribui para resolver os problemas, por muito que os termos usados satisfaçam alguns momentaneamente, como parece ser o seu caso.

JC disse...

Pois, caro anónimo: Mário Crespo tb parece ter embarcado no populismo e na notoriedade fácil.

Anónimo disse...

O nível deste país e deste povo (que elege corruptos condenados em tribunal) não se compadece com "paninhos quentes". No fundo o MC diz aquilo que o "zé povinho" diz à boca fechada. Louvo-lhe a coragem e a assertividade. Perder tempo com "figuras de estilo" e linguagem de "punhos de renda" para quem tão mal nos trata é desperdicio. O meu apreço e consideração pelo MC. Muitos mais houvesse e com tempo de antena e as coisas mudariam.

JC disse...

Com uma diferença: MC foi ministro e é um intectual e académico. Mesmo que exprima os sentimentos do Zé Povinho (o que quer que isso seja), para ter credibilidade onde quer ter e influenciar quem tem poder, isto é, os meios políticos e académicos, não se pode exprimir deste modo. Assim, será não mais do que uma moda passageira: terá a sua fama efémera e não influenciará ninguém relevante, até pq o seu discurso é, em grande parte, rebatível. Mesmo que tivesse razão ( e MC nem sempre a tem) ter razão não é suficiente, pois não é esta que faz mover o mundo. E, acrescento, "golpes de estado", o que quer que pensemos deles e eu penso mtº mal, não têm qualquer viabilidade no panorama actual. O Zó Povinho até pode rever-se nele e no seu discurso. Mas, "so what"?