As bandeiras com o Menino Jesus substituíram os pais natais trepadores neste Natal de 2009. Apesar de tudo, sempre acabam por denotar alguma pequena evolução no sentido do gosto. Mas, à parte essa evolução, não consigo deixar de pensar que a esta migração ostentatória da simbologia católica das procissões do campo para as janelas do centro privilegiado da cidade, da conversão e transferência da pregação católica anticomunista de antanho dos púlpitos e dos párocos das igrejas de província para a discussão actual sobre a "dissolução" da família e dos costumes nos fóruns de opinião mediáticos, revela uma crescente perda do seu carácter popular e rural em favor de uma igreja mais intelectualizada e de um activismo protagonizado preferencialmente pelas classes altas urbanas. Sinais dos tempos e de um Papa, talvez, mas também de que os católicos, qual pequeno partido radical marxista-leninista dos anos 60 (que ambos me desculpem a comparação), tendem a reduzir-se a um grupo cada vez mais minoritário na sociedade portuguesa, compensando essa tendência com um cada vez maior activismo, pureza ideológica e produção intelectual.
2 comentários:
Suspeito que esses panos - que tenho visto em casas - é obra da IURD!
LT
Errado. São distribuídos (ou vendidos) pelas paróquias. Católicos, apostólicos, romanos, portanto.
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