Quando comecei a trabalhar, entre o 25 de Abril de 74 e o 11 de Março de 75, ainda frequentava a universidade, numa empresa que integrava um dos maiores grupos económicos de então, depois nacionalizados, um número ainda significativo de directores, gestores e quadros médios das maiores empresas, com a excepção dos cargos de natureza muito técnica (engenheiros, por exemplo) não possuía uma licenciatura ou, sequer, frequência universitária. Mais, em Portugal não existiam MBAs e os portugueses que demandavam universidades estrangeiras para os frequentar contavam-se pelos dedos das mãos e frequentemente por lá ficavam, nesses países de destino. Portugueses com funções de relevo nas grandes empresas internacionais, fora de Portugal, eram talvez ainda mais raros. Uma maioria dos recém licenciados, à parte a ida à guerra colonial, nunca se tinha deslocado ao estrangeiro, exceptuando uma ou outra possível deslocação a Espanha na viagem de finalistas. Acabada a licenciatura e cumprido o serviço militar, era frequente começar a carreira profissional aos 26 ou 27 anos. As qualificações para candidatura a funcionário de um banco ou seguradora eram o antigo 5º ano de liceu (actual 9º) e para se ser vendedor, mesmo nas multinacionais de produtos de consumo, onde essa tarefa era essencial, bastava a 4ª classe e ter algum jeito, vulgo, ser simpático, afável e bom argumentador.
Se olharmos para o que se passa hoje em dia em Portugal, os cargos de direcção e administração das grandes empresas são preenchidos, praticamente na sua totalidade, por licenciados em áreas relevantes para as funções que ocupam. Muitos deles, bem como executivos e quadros médios, principalmente de idades inferiores a 45 anos, possuem MBAs, muitos obtidos em universidade de grande prestígio a nível internacional. Para além disso, um número cada vez maior de jovens portugueses viaja na adolescência, terminado o secundário, através do “interrail”, abrindo assim os seus horizontes e conhecendo outras realidades. É também comum terem frequentado uma universidade estrangeira, durante seis meses ou um ano, ao abrigo do programa Erasmus. Penso ninguém seja admitido como funcionário bancário sem uma licenciatura, o mesmo acontecendo para vendedor nas grandes empresas onde essa função é chave.
É ainda pouco? Claro que sim e falta elevar o nível educacional da grande maioria, o que demorará uma ou duas gerações pois é difícil fugir ao facto “filho de alguém instruído, com maior facilidade instruído será”. O ensino é, genericamente, medíocre? Em demasiados casos, ainda assim será e temos obrigação de ser mais exigentes; mas seria com certeza difícil acontecer de outro modo face à massificação dos anos 80. Mas também dentro de uma geração um número já significativo de jovens portugueses saberá falar e escrever num inglês razoável, talvez também em castelhano, o que actualmente não acontece. Dominará as novas tecnologias com facilidade.
Razões para preocupações no presente? Muitas, como nos dizem a Grécia e a Irlanda. Mas também consciência do caminho percorrido e de que algum já foi desbravado para quem o quiser percorrer.
Se olharmos para o que se passa hoje em dia em Portugal, os cargos de direcção e administração das grandes empresas são preenchidos, praticamente na sua totalidade, por licenciados em áreas relevantes para as funções que ocupam. Muitos deles, bem como executivos e quadros médios, principalmente de idades inferiores a 45 anos, possuem MBAs, muitos obtidos em universidade de grande prestígio a nível internacional. Para além disso, um número cada vez maior de jovens portugueses viaja na adolescência, terminado o secundário, através do “interrail”, abrindo assim os seus horizontes e conhecendo outras realidades. É também comum terem frequentado uma universidade estrangeira, durante seis meses ou um ano, ao abrigo do programa Erasmus. Penso ninguém seja admitido como funcionário bancário sem uma licenciatura, o mesmo acontecendo para vendedor nas grandes empresas onde essa função é chave.
É ainda pouco? Claro que sim e falta elevar o nível educacional da grande maioria, o que demorará uma ou duas gerações pois é difícil fugir ao facto “filho de alguém instruído, com maior facilidade instruído será”. O ensino é, genericamente, medíocre? Em demasiados casos, ainda assim será e temos obrigação de ser mais exigentes; mas seria com certeza difícil acontecer de outro modo face à massificação dos anos 80. Mas também dentro de uma geração um número já significativo de jovens portugueses saberá falar e escrever num inglês razoável, talvez também em castelhano, o que actualmente não acontece. Dominará as novas tecnologias com facilidade.
Razões para preocupações no presente? Muitas, como nos dizem a Grécia e a Irlanda. Mas também consciência do caminho percorrido e de que algum já foi desbravado para quem o quiser percorrer.
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