Nada tenho contra a formação de uma comissão de inquérito parlamentar à Fundação para as Comunicações Móveis. Parece-me, até, uma excelente ideia, já que controlar e zelar pela boa aplicação dos dinheiros públicos é uma das principais funções da Assembleia da República, quaisquer que sejam o governo ou a composição da câmara. Mas tendo dito isto, faço notar duas coisas: em primeiro lugar que tudo seria bem mais eficaz se a AR pudesse receber em devido tempo, neste e em outros casos semelhantes, periodicamente e de forma normalizada (ou até ser-lhe disponibilizada “online”, pois para tal foram os deputados dotados recentemente de tecnologia apropriada: não deve lá estar só para enfeitar ou para poderem ler as notícias da "bola"...), a informação necessária, isto é, ainda a tempo de uma acção que corrija eventuais desperdícios, irregularidades ou até mesmo ilegalidades e não quando pouco já há a fazer a não ser denunciá-los “a posteriori”; em segundo lugar, lamentar que casos bem mais graves não tenham dado origem a semelhante escrutínio e que apenas a FCM ou, mais propriamente, o “Magalhães”, objecto da galhofa e do anedotário nacional pelas razões erradas (distribuir computadores pelas crianças gratuitamente ou a preços reduzidos é, na sua essência, um projecto que tem muito de positivo) e não por aquilo que deveria ter sido seriamente questionado em devido tempo, seja objecto de investigação. Mas compreende-se: o “Magalhães” é um projecto emblemático do governo de José Sócrates e a opinião publicada afecta ao PSD, aproveitando os erros e a gestão demasiado propagandística do projecto por parte do governo, foi-se encarregando de, ao longo do tempo, deitar à terra as sementes do populismo que tem presidido à imagem que do “Magalhães” construiu uma parte, talvez significativa, da opinião pública. Enquanto isto acontece, a “contra-revolução” na educação, com a entrega da sua gestão à Fenprof de Mário Nogueira, prossegue com o apoio do PSD e o "déficit" do SNS aumenta sem que o mesmo partido sequer se pronuncie. Estamos conversados...
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