segunda-feira, dezembro 14, 2009

Ando há uns dias para dizer isto, mas preferi deixar passar o ruído

Devo dizer não alinho no coro de virgens ofendidas, tendo na sua base, frequentemente, nada mais do que um sentimento anti-parlamentar e anti-democrático, protestando contra o facto de Maria José Nogueira Pinto ter chamado “palhaço” a um deputado do PS e este ter respondido “já nem sei bem o quê”, mas em termos a condizer. Estamos numa discussão entre pares, numa assembleia democrática, e discussões que, por vezes, chegam a raiar o insulto pessoal são sempre possíveis num qualquer fórum deste tipo, no calor da argumentação e do debate. Prefiro isso aos falsos consensos, às “falinhas mansas”, ás negociações traficadas do tipo daquela que deu origem ao acordo sobre o endividamento madeirense. Desde que de modo não recorrente e respeitando a ordem regimental, devo dizer também prefiro um insulto, aqui e ali, como resultado de uma discussão política entre quem acredita nas suas ideias, do que horas e dias a fio perdidos em debates em que a política “pura e dura” está tantas vezes ausente.

Tendo dito isto, devo, no entanto, também afirmar que acontecimentos deste tipo nada tem a ver com os “corninhos” do ministro Pinho dirigidos ao deputado do PCP Bernardino Soares ou com os “conselhos” do primeiro-ministro dirigidos a Paulo Portas no final do último debate. Não estamos aqui já entre pares, entre iguais, mas num debate entre dois orgãos de soberania distintos (Executivo e Legislativo), um deles emanando da Assembleia da República eleita pelos portugueses e que, enquanto tal, deve merecer o respeito de todos os cidadãos e, muito especialmente e acima de todos eles, dos membros do governo que dela emana.

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