Por uma vez estou de acordo com Manuel Carvalho da Silva (ou melhor, meio de acordo): apesar da previsível inflação negativa, e justificando isso e a situação económica enormes cautelas nos eventuais aumentos globais, não existem razões inultrapassáveis para que não se cumpra o acordado entre sindicatos e associações empresarias (Carvalho da Silva chama-lhes patrões, mas estou certo muitos deles já se não reconhecem no termo) sobre o aumento do salário mínimo (o "bottom end" do mercado laboral) de 450 para 475 euros (5.6%) em 2010. Trata-se de uma questão básica de justiça social e um Portugal mais moderno e civilizado será também um país com mais e melhor justiça social.
Porquê só meio de acordo? Porque, ao contrário do que afirmou Carvalho da Silva ontem a uma estação de televisão, não é absolutamente inevitável, nem, a meu ver, desejável, que isso se faça à custa de menores margens de lucro das empresas, algo que parece mais baseado numa óptica justicialista do que racional. Estou certo que perante a inevitabilidade desse aumento, muitas delas (espero que a sua grande maioria) saberão encontrar numa maior racionalização dos seus processos de funcionamento e de gestão campo onde poderão compensar, até com vantagem, o aumento de custos que uma actualização do salário mínimo necessariamente acarreta. Aliás, é também este, a nível das empresas, um desafio que deve estar sempre presente e que qualquer aumento de custos torna sempre mais premente e actual. É que, não tenham dúvidas, o conservadorismo é sempre um incentivo à preguiça... De ambos: trabalhadores sindicalizados e dos tais “patrões” de Carvalho da Silva.
Porquê só meio de acordo? Porque, ao contrário do que afirmou Carvalho da Silva ontem a uma estação de televisão, não é absolutamente inevitável, nem, a meu ver, desejável, que isso se faça à custa de menores margens de lucro das empresas, algo que parece mais baseado numa óptica justicialista do que racional. Estou certo que perante a inevitabilidade desse aumento, muitas delas (espero que a sua grande maioria) saberão encontrar numa maior racionalização dos seus processos de funcionamento e de gestão campo onde poderão compensar, até com vantagem, o aumento de custos que uma actualização do salário mínimo necessariamente acarreta. Aliás, é também este, a nível das empresas, um desafio que deve estar sempre presente e que qualquer aumento de custos torna sempre mais premente e actual. É que, não tenham dúvidas, o conservadorismo é sempre um incentivo à preguiça... De ambos: trabalhadores sindicalizados e dos tais “patrões” de Carvalho da Silva.
2 comentários:
O patrão dos patrões da Confederação da Indústria Portuguesa, Francisco vanZeller disse há dias que não há grande margem para aumentos salariais.
"Os salários baixos são necessários para 25 por cento das nossas exportações que não podemos perder. Há muitas empresas que exportam e que dependem dos salários baixos."
Há coisas que me escapam, mas Manuel António Pina lembrava há dias np “Jornal de Notícias”: “segundo um estudo da Deco, há, em Portugal, 40 mil idosos a passar fome. Números afrontosos como este e os da pobreza costumam ser varridos pelo discurso político e mediático para debaixo do tapete da "modernização", da "inovação tecnológica" e quejandos (como que dizendo à maneira mordaz de Cesariny: "Assim como assim ainda há muita gente que come") ou brandidos como arma de arremesso durante as campanhas eleitorais e esquecidos mal acaba a contagem dos votos. A existência de tantos portugueses, os mais vulneráveis, com fome deveria encher-nos de culpa e de vergonha, deveria ser manchete dos jornais, notícia de abertura dos telejornais. Não é. É o TGV e o tornozelo do Cristiano Ronaldo. Ou a de que (lá vou eu ser acusado de "populismo") o Estado irá assegurar mais uns milhões a mais um banco”
Tens razão: é uma vergonha e ainda o resultado de um modelo de desenvolvimento baseado na mão-de-obra barata produtora de produtos de baixo valor acrescentado. Para além disso, tem principalmente que ver c/ as baixas pensões de sobrevivência, c/ a marginalização social, etc, etc, da população mais idosa que trabalhava no campo, no serviço doméstico ou trabalhava em casa (idosas). Mas sem educação, s/ modernização tecnológica, as próximas gerações nunca terão um nível de vida digno.
Mas Van Zeller (a quem atribuo algum bom senso) não deixa de ter alguma razão: se aumentamos mtº os salários as empresas fecham e aumenta o desemprego, pois a reconversão do modelo demora duas ou três gerações; se os mantivermos, o modelo não se altera e continuamos a queixarmo-nos das suas consequências. É algo que teremos de gerir c/ bastante bom senso, pois não há milagres. Daí eu defender alguma contenção nos aumentos salariais (nenhum economista, c/ excepção do Eugénio Rosa, te diz o contrário) c/ desvio de recursos para pensões, salário mínimo e prestações sociais.
A Banca é outra conversa: devendo o governo explicar "tim tim por tim tim" o que anda a fazer, porquê e para quê,espero nunca um banco c/ a dimensão do BPN abra falência em Portugal.
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