Sou descendente, pelo lado materno, de uma família com alguma tradição militar, alguns deles, e outros que acabaram por não seguir a chamada “carreira das armas”, ex-alunos do Colégio Militar. Apesar disso, nunca o frequentei, pelo que o que direi a seguir é apenas fruto da opinião de observador distanciado.
Não me parece que estes últimos acontecimentos constituam algo de novo. Antes pelo contrário: penso que, em maior ou menor grau, assumindo maior ou menor gravidade, eles terão constituído, ao longo dos anos, prática relativamente comum e tolerada na instituição. O que terá mudado , isso sim, é a sua percepção e avaliação pela sociedade, fruto do distanciamento crescente entre os valores e práticas socialmente dominantes e toleráveis e aquelas inerentes a este tipo de instituições militarizadas de ensino para crianças e adolescentes. Hoje em dia, não só o castigo físico é cada vez menos socialmente admitido, sendo mesmo, genericamente - e bem - considerado condenável, como alguma tendência para valorização do indivíduo em detrimento do grupo, o fim da segregação de género ou de orientação sexual, o crescente domínio da sensibilidade e da inteligência sobre a força bruta, a disseminação dos valores pacifistas e o modo diferente como se olha a educação de crianças e jovens e a valorização destes, nessa mesma sociedade, tornam dificilmente toleráveis, aos olhos desta, a manutenção de “ilhas” onde se admita a existência dominante de outros valores, principalmente se considerados como um resquício de um passado condenável, colocando essas instituições sobre cerrado escrutínio público, mais ainda quando financiadas em grande parte pelos impostos de todos. Acresce que, fruto da evolução das ideias a que a diminuição da estratificação social e a globalização, com a relativização da noção de “pátria”, não são alheias, a instituição militar viu grandemente diminuído o seu prestígio nos últimos anos, o que se tem também reflectido no downgrade da origem social maioritária dos alunos do Colégio Militar, concedendo menor poder à instituição e, logo, menor capacidade de conter intra-muros casos como os que agora são relatados.
Aquilo sobre o qual a sociedade deve reflectir, aproveitando este caso, é, pois, em que medida faz sentido, no século XXI, a continuidade de instituições como o Colégio Militar (peço desculpa aos meus amigos e familiares que por lá andaram), pelo menos com as suas características actuais. Dado o peso da instituição, da corporação que representa e do fortíssimo lobby a que está associada, tenho poucas ou nenhumas esperanças. É pena que assim seja.
Não me parece que estes últimos acontecimentos constituam algo de novo. Antes pelo contrário: penso que, em maior ou menor grau, assumindo maior ou menor gravidade, eles terão constituído, ao longo dos anos, prática relativamente comum e tolerada na instituição. O que terá mudado , isso sim, é a sua percepção e avaliação pela sociedade, fruto do distanciamento crescente entre os valores e práticas socialmente dominantes e toleráveis e aquelas inerentes a este tipo de instituições militarizadas de ensino para crianças e adolescentes. Hoje em dia, não só o castigo físico é cada vez menos socialmente admitido, sendo mesmo, genericamente - e bem - considerado condenável, como alguma tendência para valorização do indivíduo em detrimento do grupo, o fim da segregação de género ou de orientação sexual, o crescente domínio da sensibilidade e da inteligência sobre a força bruta, a disseminação dos valores pacifistas e o modo diferente como se olha a educação de crianças e jovens e a valorização destes, nessa mesma sociedade, tornam dificilmente toleráveis, aos olhos desta, a manutenção de “ilhas” onde se admita a existência dominante de outros valores, principalmente se considerados como um resquício de um passado condenável, colocando essas instituições sobre cerrado escrutínio público, mais ainda quando financiadas em grande parte pelos impostos de todos. Acresce que, fruto da evolução das ideias a que a diminuição da estratificação social e a globalização, com a relativização da noção de “pátria”, não são alheias, a instituição militar viu grandemente diminuído o seu prestígio nos últimos anos, o que se tem também reflectido no downgrade da origem social maioritária dos alunos do Colégio Militar, concedendo menor poder à instituição e, logo, menor capacidade de conter intra-muros casos como os que agora são relatados.
Aquilo sobre o qual a sociedade deve reflectir, aproveitando este caso, é, pois, em que medida faz sentido, no século XXI, a continuidade de instituições como o Colégio Militar (peço desculpa aos meus amigos e familiares que por lá andaram), pelo menos com as suas características actuais. Dado o peso da instituição, da corporação que representa e do fortíssimo lobby a que está associada, tenho poucas ou nenhumas esperanças. É pena que assim seja.
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