O actual caso Armando Vara (já ouve outros) parece prefigurar uma actuação típica ligada ao financiamento partidário: o bancário e dirigente partidário que “vira” banqueiro por conveniência, pelo privilegiado lugar que ocupa e especial vocação para a angariação de tais financiamentos em troca de pequenos/grandes favores. Nada de novo, portanto, mas que será sempre ocasião ideal para pôr em causa o actual modelo de financiamento dos partidos, que conduz a este tipo de lógica.
O que não consigo entender – mesmo – é a razão pela qual o financiamento dos partidos não é livre, desde que documentado, público e escrutinável. Quando a empresa ou o particular A ou B fossem beneficiados ou prejudicados nas suas actividades seria muito fácil, consultando a lista de financiadores de cada partido, saber das razões e pedir a quem de direito os devidos esclarecimentos e explicações necessárias. Disse que não consigo entender? Minto, consigo-o muito bem: não convém nada que os cidadãos possam saber quem financia quem e em quanto e, a partir daí, estarem em posição de pedir as explicações necessárias aos eleitos pelos negócios realizados. Estaria a actual lógica subvertida...
O que não consigo entender – mesmo – é a razão pela qual o financiamento dos partidos não é livre, desde que documentado, público e escrutinável. Quando a empresa ou o particular A ou B fossem beneficiados ou prejudicados nas suas actividades seria muito fácil, consultando a lista de financiadores de cada partido, saber das razões e pedir a quem de direito os devidos esclarecimentos e explicações necessárias. Disse que não consigo entender? Minto, consigo-o muito bem: não convém nada que os cidadãos possam saber quem financia quem e em quanto e, a partir daí, estarem em posição de pedir as explicações necessárias aos eleitos pelos negócios realizados. Estaria a actual lógica subvertida...
6 comentários:
Oh meu caro amigo! Então você quer acabar com as malas? As malinhas receadas a caroço? Com furinhos para ele ir escorregando para o bolso do mensageiro? Tenha juizinho! Ainda vai dentro!
Pelo menos, antes de "ir dentro", já ri a bom rir c/ o seu comentário.
Confesso que não consigo perceber a relação entre estes casos de corrupção e troca de favores, com a lei dos financiamentos aos Partidos. O problema não é a lei, o problema é o PS e o PSD, que são os partidos que têm dividido o bolo desde 1976, estarem cheios de corruptos e alimentarem os clientelismos. Já Rui de Mateus escreveu um livro bastante interessante sobre o assunto há anos.
Grande parte (embora nem toda) da corrupção e troca de favores que envolve personalidades ligadas a partidos tem a ver c/ o respectivo financiamento, JK, e c/ uma lei que favorece a sua pouca ou nenhuma clareza. É exactamente por isso que os partidos são tão pouco activos na luta anti-corrupção. O problema é maior com PS e PSD pq são os que têm ocupado o poder, mas quando o CDS esteve no governo algo de género se passou. Se PCP e BE (ou outros) fossem partidos de poder algo de semelhante aconteceria.
Essa dos "se" é que eu gosto, e já é habitual, essa é típica do "povo da SIC" que também costuma dizer que "os políticos são todos iguais". Neste caso não se trata de "ses" mas sim de vários casos de corrupção, clientelismos e falcatruas, que não são de hoje, e continuo a achar que o finaciamento aos partidos pode até estar aí incluído, mas é apenas uma pequena parte. A única preocupação que houve até agora na alteração da lei do financiamento dos partidos, foi apenas para atingir um caso muito específico, que curiosamente não tem nada a haver com corrupção.
1. Os políticos não são todos iguais, nunca o disse: há gente honesta e desonesta em todos eles. Talvez mais gente desonesta nos que são poder (aqui ou em outro lado qualquer) pois esse poder e o que c/ ele podem conseguir os atrai. Foi isso que eu disse, referindo-me a estruturas e instituições e não a pessoas. Certo?
2. Não sei qual o volume da corrupção relacionada c/ o financiamento partidário, mas será algum, principalmente quando falamos de políticos envolvidos, e ambos conhecemos vários casos. Já seria alguma coisa começar por aí, onde, aparentemente, seria mais fácil agir. E fiz uma proposta, que define a minha opinião desde há longos anos.
3. Não tens obrigação de saber, mas sempre me bati contra a alteração da lei que foi aprovada apenas para dificultar a recolha de fundos do PCP c/ a Festa do Avante (do tipo "lei do funil"). Achei ignóbil. É politicamente, e não administrativamente, que o PCP pode e deve ser combatido. As ideias políticas combatem-se com ideias políticas, quaisquer que elas sejam ou os partidos envolvidos, desde que ajam dentro da legalidade.
Abraço
Enviar um comentário