Disse-o aqui, Louçã tem razão ao criticar as declarações incendiárias de Paulo Portas, de uma total e espantosa irresponsabilidade para um homem que já foi ministro de um governo de um estado democrático. Também afirmei que esta minha crítica e a razão concedida a Louçã não isentava de responsabilidades os autores dos desmandos e que estes, usando as polícias de todo o bom senso possível e a força que se revelasse proporcional e necessária, deveriam ser presentes à justiça que os julgaria de acordo com as leis do país, isto não significando que medidas de fundo, sociais, económicas e políticas, não fossem futuramente tomadas.
Tendo dito isto gostaria de acrescentar duas notas:
Tendo dito isto gostaria de acrescentar duas notas:
- As leis são gerais e abstractas e, portanto, não existem leis para “essa gente” e leis para “esta gente”. Do mesmo modo que não existem leis para brancos e outras para pretos, leis para quem habita nos bairros sociais e leis para quem mora em condomínios de luxo, leis para nómadas e leis para populações sedentárias. Nem o rigor de aplicação das leis deve variar em função desses parâmetros. Esta é uma ressalva necessária em função do que por aí já tenho ouvido ao “povo da SIC”(o tal que exige que a lei seja igual para todos quando se trata dos “ricos e poderosos” mas depressa se esquece disso quando se trata de penalizar pretos e ciganos!) e a quem, acima de tudo, gosta de lhe agradar.
- Em segundo lugar gostaria de lembrar que as alterações da ordem havidas no Bairro da Bela Vista começaram após o enterro de um jovem baleado na nuca pela polícia durante uma perseguição a um bando que tinha assaltado uma caixa Multibanco. Significa isto que, mais uma vez, a polícia excedeu as suas atribuições, desta vez não só fazendo justiça pelas próprias mãos e de forma desproporcionada (não me consta tenha agido em legítima defesa e que compita à polícia julgar e aplicar a pena – neste caso, de morte), como arranjando um sarilho que poderia ter tido repercussões bem mais graves. Para que conste, e para que os viciados no “securitarismo” – os partidários do “todo o poder às polícias” - tenham bem a noção para onde a sua irresponsabilidade pode conduzir o país.
1 comentário:
OS BANDOS DOMINAM NOS BAIRROS SOCIAIS
Os partidos de esquerda desculpam sistematicamente a criminalidade com o a pobreza e o desemprego. Parece terem receio de uma atitude mais enérgica na luta contra o crime. Será que ficaram traumatizados desde os tempos do fascismo? Esta postura está a desorientar o seu próprio eleitorado natural: os mais pobres que são também os mais desprotegidos face à criminalidade. Assim, os partidos de esquerda têm muita responsabilidade relativamente ao crescimento da extrema direita que tem um discurso bem mais sensato sobre o combate crime. Barack Obama – que se poderá considerar de esquerda – prometeu ser implacável no combate ao crime e defender ao mesmo tempo os mais desfavorecidos. Não me parece que isso seja incompatível.
Todos os dias vemos fechar Empresas jogando muita gente no desemprego e na pobreza. Frequentemente, ficam muitos meses de salários por pagar, levando essas pessoas a uma situação de desespero. Se fosse esse o motivo dos desacatos que se têm visto nos bairros sociais, então eles aconteceriam preferencialmente nas manifestações junto aos antigos locais de trabalho, onde se aglomeram muitas pessoas na mesma situação.
Não! o que se viu no Bairro da Bela Vista foi a homenagem a um criminoso abatido em flagrante pela polícia, numa atitude de desafio à própria polícia como que para testar a sua capacidade de reacção e para uma demonstração de força no bairro.
Há 50 anos a pobreza em Portugal não era menor que a de hoje e a criminalidade violenta era praticamente inexistente. Se mais pobreza implicasse mais criminalidade, então não teria sido assim. As estatísticas nem reflectem a nossa realidade porque muitas vítimas já nem se queixam porque sabem que os criminosos são rapidamente postos em liberdade, mesmo quando são capturados e depois ficam sujeitos a represálias. Mela mesma razão, vítimas e testemunhas escondem a face quando são entrevistadas pela televisão.
Já há algum tempo um Mayor de Nova Iorque decidiu que não se deveria menosprezar a pequena criminalidade nem os pequenos delitos, porque a sensação de impunidade se instala nos jovens delinquentes, estes vão facilmente progredindo para infracções cada vez mais graves até que a situação se torna incontrolável. Implementou então a célebre "Tolerância Zero" que, como se sabe, deu óptimos resultados, reduzindo num só ano a criminalidade em Nova Iorque em cerca de metade.
A actual política portuguesa de manter na rua os criminosos, mesmo depois de várias reincidências, faz (como dizia o Mayor ) crescer a sensação de impunidade: o criminoso continua com as suas actividades criminais, vai subindo o nível dos seus delitos e serve de exemplo para que outros delinquentes mais jovens sigam o mesmo caminho.
Mas existem muitas pessoas trabalhadoras e humildes nos bairros sociais que não levantam problemas e que só desejam que os deixem viver em paz, o que não acontece, porque estão reféns dos bandos de criminosos que dominam nesses bairros. Não se pode contar com essas pessoas para testemunharem qualquer acto criminoso a que assistam porque têm medo, medo de represálias porque não se sentem convenientemente protegidas pela polícia que também não pode estar sempre presente. Lembra as favelas brasileiras...só que no Brasil polícia e militares juntam esforços para combater o domínio dos bandos nas favelas e tem havido baixas parte a parte mas a polícia começa a chegar onde antes não se aventurava. Por cá, enquanto o crime cresce e toma posições de domínio, a polícia, apesar de vontade, nada pode fazer porque lhe falta a autoridade. Entretanto, Governo, Partidos, Bispos e outras organizações não compreendem o que se está a passar e fazem conjecturas absurdas sobre o motivo dos desacatos que é por demais evidente. Será que temos que cair no fundo?
Será que quando os criminosos conseguem furar uma barreira policial devem ficar a salvo? será que a polícia só deve poder usar a arma em "duelo" tipo "Far West"? Aí o "Xeriff" era sempre o último a sacar o "colt" mas era o mais rápido e certeiro. É claro que o bandido perdia sempre, mas isso eram filmes e na vida real o bandido vence com frequência. Estas situações ocorrem também porque existe a idéia de que depois de furada a barreira policial se fica a salvo porque a polícia já não pode disparar. Como se vê não é bem assim. Furar a barreira é correr voluntáriamente um risco: umas vezes ganha-se; outras, pelos vistos, perde-se.
Ah! esquecia-me de uma coisa: espero que os indivíduos filmados a fazer "cavalinho" com as motos sejam punidos pelo menos por CONDUÇÃO PERIGOSA. É imoral multar o pacato cidadão apenas porque ultrapassou 50 Km/hora e deixar impunes estes exemplos exibicionistas...
Zé da Burra o Alentejano
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