quinta-feira, maio 07, 2009

"i"

Lançar um jornal em papel num mercado em forte recessão estrutural, em que a quota de mercado só poderia ser conseguida à custa de uma concorrência com anos de fidelização, parecia ser algo contra-natura. Se nos lembrarmos da crise e de um mercado publicitário que já viu melhores dias a “coisa” parece projecto de loucos. Mas Martim Avillez Figueiredo parecia-me jornalista competente – apesar dos verdes anos – e o segmento de mercado (tiny, tiny...) era algo que poderia existir para um produto com um posicionamento claro: um jornal de referência menos enfeudado politicamente a um alinhamento governamental (DN) ou a um ultra-liberalismo e anti-socratismo militantes e quase tão ortodoxos como o estalinismo original de muitos dos seus fautores (“Público”). E no entanto...

A primeira coisa que parece faltar, após uma primeira e rápida leitura, é um posicionamento claro e consistente: faltam profundidade e artigos de opinião de gente com “peso” (excepção, talvez, para Jaime Nogueira Pinto) para ser um jornal de referência e sensacionalismo q. b. para um tablóide. Resultado: parece ser coisa nenhuma. Melhor: talvez algo que se assemelha mais a um gratuito para ler no “metro” em cinco minutos, tipo chewing gum, mastiga e deita fora. Francamente: tive dificuldade em vislumbrar algo que me interessasse ler.

Claro que há aquela coisa de ser mais pequeno e agrafado, sem dúvida uma boa ideia. Mas é um erro de principiante vender um produto baseado em um ou mais "features" que podem ser facilmente copiados pela concorrência e não naquilo que define a sua “uniqueness”.

Desilusão!

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