Segundo a "wikipédia", em regime de adaptação livre, um “crooner” é um cantor de baladas e canções de índole popular, normalmente com acompanhamento orquestral e com algumas raízes na ópera italiana, mas em que a potência de voz foi evoluindo para tonalidades mais subtis e suaves, sob influência jazística. O que quer que isto queira dizer, podemos concluir que se trata de um género musical essencialmente urbano, onde alguma influência jazística, como pano de fundo, misturada com o tom de balada “romântica” são condimentos para o sucesso junto das grandes audiências brancas que constituíam o mercado com maior poder de compra nos USA. Todos ligamos o estilo a intérpretes como Sinatra, Dean Martin, Bing Crosby, Perry Como, e outros, que dominaram a música de origem anglo-saxónica desde os anos 20 até ao feliz advento do "rock and roll", a música que mudou o mundo.
Nesses anos Portugal era um país pobre e essencialmente rural, com uma classe média diminuta e fraca e onde a música urbana era dominada pelo fado, de fortes raízes populares, e pelas marchas e canções revisteiras quase sempre com fortes ligações a esse mesmo fado (fado-canção) ou a formas musicais ainda próximas do folclore, o que não deixa de ser sintomático da origem ainda recente de uma pequena burguesia que constituía o “grosso” dos espectadores do teatro de revista. O "jazz" era coisa de alguns jovens intelectuais e estudantes, mais ou menos marginais e cultos, estrangeirados, e por isso não será de estranhar que o estilo “crooning” apareça tarde e tenha uma menor base jazística, por vezes, mesmo, contendo alguma influência do fado e até de algum folclore rural, tornando-se num estilo talvez mais popular do que aquele que na América lhe terá dado origem. Um pouco como aquilo que em Portugal se chamava nos idos de 50 do século XX o “whisky saloio”, mistura de aguardente apenas sofrível com água Castelo e gelo imitando o que era então o estilo de consumo mais comum do "whisky" escocês. Rui de Mascarenhas, Francisco José, Alberto e Artur Ribeiro e, até, Tony de Matos, este num estilo mais “rasca”, mais longe do “crooner” clássico e mais próximo de uma audiência fadista, terão sido os maiores expoentes deste estilo de “cantores românticos”, de certo modo influenciados pelo “crooning”.
A referida estrutura da sociedade portuguesa e a ditadura, limitando a influência local do "rock and roll" que só viria a ter implantação decisiva em Portugal com o "novo rock" nos anos 80, de carácter essencialmente suburbano, irão contribuir para prolongar este estilo durante os anos 60, influenciando, de alguma maneira, ainda nomes como António Calvário, por exemplo. Será o festival da RTP da canção, onde alguma influência do "rock" e de modelos interpretativos já por ele mais definidos (Ricky Nelson, Cliff Richard, Tom Jones) se começam a sobrepor em nomes como Paulo de Carvalho, Hugo Maia de Loureiro, Duarte Mendes, Fernando Tordo e outros, a dar-lhe a final e decisiva machadada final.
Nesses anos Portugal era um país pobre e essencialmente rural, com uma classe média diminuta e fraca e onde a música urbana era dominada pelo fado, de fortes raízes populares, e pelas marchas e canções revisteiras quase sempre com fortes ligações a esse mesmo fado (fado-canção) ou a formas musicais ainda próximas do folclore, o que não deixa de ser sintomático da origem ainda recente de uma pequena burguesia que constituía o “grosso” dos espectadores do teatro de revista. O "jazz" era coisa de alguns jovens intelectuais e estudantes, mais ou menos marginais e cultos, estrangeirados, e por isso não será de estranhar que o estilo “crooning” apareça tarde e tenha uma menor base jazística, por vezes, mesmo, contendo alguma influência do fado e até de algum folclore rural, tornando-se num estilo talvez mais popular do que aquele que na América lhe terá dado origem. Um pouco como aquilo que em Portugal se chamava nos idos de 50 do século XX o “whisky saloio”, mistura de aguardente apenas sofrível com água Castelo e gelo imitando o que era então o estilo de consumo mais comum do "whisky" escocês. Rui de Mascarenhas, Francisco José, Alberto e Artur Ribeiro e, até, Tony de Matos, este num estilo mais “rasca”, mais longe do “crooner” clássico e mais próximo de uma audiência fadista, terão sido os maiores expoentes deste estilo de “cantores românticos”, de certo modo influenciados pelo “crooning”.
A referida estrutura da sociedade portuguesa e a ditadura, limitando a influência local do "rock and roll" que só viria a ter implantação decisiva em Portugal com o "novo rock" nos anos 80, de carácter essencialmente suburbano, irão contribuir para prolongar este estilo durante os anos 60, influenciando, de alguma maneira, ainda nomes como António Calvário, por exemplo. Será o festival da RTP da canção, onde alguma influência do "rock" e de modelos interpretativos já por ele mais definidos (Ricky Nelson, Cliff Richard, Tom Jones) se começam a sobrepor em nomes como Paulo de Carvalho, Hugo Maia de Loureiro, Duarte Mendes, Fernando Tordo e outros, a dar-lhe a final e decisiva machadada final.
Rui de Mascarenhas - "Encontro às Dez"
Francisco José - "Olhos Castanhos"
2 comentários:
CARO JC
Aos "crooners" lusos - que nunca suspeitariam de tal promoção - ainda acrescentaria, na referida vertente fado-orquestra para audiência fadista, Tristão da Silva e Carlos do Carmo, com este último até a editar um tema do mais famoso "crooner",o Mr. "Blue Eyes".
Se eu fosse atirado para uma ilha deserta e tivesse que escolher entra uma completa antologia da música "Crooner" e o do Rock'n'Roll, ... , bastaria a obra do Frank para ajudar a atenuar a solidão.
Na verdade, entre o Whisky de puro malte ou até a "mistura de aguardente apenas sofrível com água Castelo" associada à "crooner" audiência, e, por outro lado, a "erva", "cavalo" e o "Lucy in the Sky with Diamonds" associadas ao Rock'n'Roll, julgo ainda preferíveis aqueles licores, daí que, uma garrafa de puro malte perdida e a vagar pelas ondas, era também bem-vinda a encalhar na ilha.
Com os cumprimentos
JR
PS: O mr. "Blue Eyes" além de expoente "crooner" é também conhecido como expoente "swinger", pelo que, haverá uma raiz jazzística que perpassa o "swing" e o "crooner".
De acordo quanto a Tristão da Silve e Carlos do Carmo, este um pouco "après la lettre". Menos de acordo quanto a Sinatra, de quem e de cuja música não gosto particularmente. E, como já verificou pelo "blog", o rock n' roll leva a minha primazia.
Quanto a bebidas, vou por um Porto Vintage ou LBV, para além do vinho, embora esteja mtº longe de desprezar um bom malte.
Cumprimentos
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