domingo, março 29, 2009

"Fidei Defensor" e o "Público"

“Os reis britânicos são por definição e automaticamente os líderes da Igreja de Inglaterra - fruto da ruptura de Henrique VIII com Roma no século XVI. As leis de sucessão são determinadas pelo Act of Settlement, adoptado em 1701, numa época de enorme hostilidade aos católicos, e dão os reis como "defensores da fé".

Uma nota em relação a esta notícia do “Público” de ontem, 28 de Março: o título “defender of the faith” (Fidei Defensor ) é muito anterior ao "Act of Settlement". Ele foi concedido a Henrique VIII pelo Papa Leão X, em 1521, como recompensa de um escrito do monarca contra Martinho Lutero. Mais tarde, depois de Henrique VIII ter rompido com Roma, foi-lhe retirado pelo Papa Paulo III e restaurado por decisão do Parlamento em 1544.

3 comentários:

Anónimo disse...

Boas!
Bem peculiar a Igreja Anglicana, tendo como líder o Rei, cujo fundamento e título de "defender of the faith" reside no ... Parlamento ( ainda que conhecidas sejam as razões históricas que levaram a isto).
O conhecido filósofo inglês Bertrand Russel dizia que ninguém deveria governar a Inglaterra ou outra qualquer nação pelo simples circunstância de ser filho do seu pai.Acrescentado-se a este singular sortilégio o de "defender of the faith", ainda vamos ver as régias figuras de Carlos e seus filhos ungidos nessa qualidade ao mesmo tempo que devassados e devastados pelas revistas côr-de-rosa e pelos intrépidos tablóides, cujo desporto favorito é o Royal Gossip, coisa que Henrique VIII não tinha de se preocupar, ocupado que estava em casar, produzir varões e eliminar as esposas.
Como irá lidar s Igrejs Anglicana com isto?
Talvez fazendo um aproach à afirmação bíblica " A César o que é de César e a Deus o que é de Deus", fórmula sempre melhor do que manter-se entremeada entre um orçamento de estado e um debate do estado da nação ou as infedilidades dos régios "deffenders of the faith".
Tony Blair esse já se passou para o lado da ICAR de Ratzinger, quem sabe para grande alívio de muitos anglicanos.
Um abraço
JR

Anónimo disse...

Só uma correcção ao meu comentário: infidelidades e não "infedilidades". Lapsus linguae e infidelidadee à língua ortuguesa.
JR

JC disse...

Estou certo que a prazo mais ou menos curto a separação "de jure" (pq de facto ela já existe) entre igreja e estado, no UK, será um facto, e o rei deixará de ter o título de "defender of the faith". Talvez já com Carlos, que não me parece mtº vocacionado para tais coisas.
Quanto à questão monarquia república é algo que me não preocupa, pela simples razão de que nenhum monarca constitucional efectivamente governa. Assim sendo, não vejo razão para mudar o que está, tanto nas repúblicas como nas monarquias.
Já agora, quanto a Henrique VIII o principal problema dele era a luta contra as potências continentais, Espanha e França, e a protecção que o Papado lhes concedia. Tudo o resto deriva daí.