Ao afirmar ontem que não iria aumentar impostos, Pedro Passos Coelho disse apenas meia verdade. Ou melhor, 1/3 de verdade, procurando agradar à sua base social de apoio e ir ao encontro, por exemplo, do grupo de personalidades conotadas com o ultra-liberalismo que na semana anterior tinha entregue um abaixo assinado reclamando uma redução da despesa pública. Na verdade, ao reduzir, como ameaçou (é o termo), a despesa pública na saúde, educação e segurança social, o governo irá lançar um verdadeiro imposto regressivo, que afectará fundamentalmente os portugueses que auferem menores rendimentos e que são aqueles que maioritariamente recorrem ao ensino público, serviço nacional de saúde e beneficiam das transferências e apoios sociais. Sendo também o grupo em que a chamada "propensão marginal para consumir" atinge valores mais elevados, esta estratégia terá um carácter ainda mais recessivo.
Sem comentários:
Enviar um comentário