A carta (muito escreve esta gente) do primeiro-ministro a António José Seguro, solicitando uma reunião para "concertação" das medidas a adoptar após a declaração de inconstitucionalidade de algumas normas do Orçamento de Estado 2013, parece ser, à partida, uma boa ideia para o governo e para os partidos que o apoiam: marca a agenda política e causará, no mínimo, alguma perplexidade na opinião pública e no PS, colocando este partido numa posição pouco confortável face às suas mais recentes posições. Mas também pode, se Seguro for inteligente e souber aproveitar o momento, constituir uma boa oportunidade para o PS demonstrar, enquanto oposição, que está aberto ao diálogo, a expor as suas ideias e até, aqui e ali, a algum acordo pontual sem abdicar, no essencial, do combate ao governo e de uma visão estratégica e orientação política alternativas. Para isso, terá que ser claro e isento de ambiguidades no modo como transmitirá aos portugueses as razões da sua aceitação e as conclusões do encontro, assumindo, nessa reunião, o papel de porta-voz daquele que é, neste momento, o largo consenso existente na sociedade portuguesa, da direita democrata-cristã à esquerda comunista, das associações patronais aos sindicatos, de recusa das opções radicais da troika" e do governo. Se conseguir gerir bem este processo (veremos), o PS pode ter aqui uma oportunidade para começar a descolar decisivamente nas sondagens. Se falhar, dificilmente AJS poderá alguma vez vir a convencer os portugueses.
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