domingo, abril 06, 2008

Ana Jorge e a comunicação das políticas de saúde

Na sua entrevista de hoje à TSF, a ministra da saúde, Ana Jorge, voltou a insistir na velha e relha questão de que as reformas tentativamente levadas a efeito pelo ministro Correia de Campos, seu antecessor, seriam boas reformas mal comunicadas, sendo esse efectivamente o problema que teria originado os “levantamentos” populares. Trata-se de uma falácia, na qual espero a própria Ana Jorge não acredite, pois isso seria concluir que domina mal, ou não domina, o que efectivamente se passa com a política do ministério que é agora o seu.
Trata-se, na realidade – e independentemente de problemas pontuais, aqui e ali, na sua execução - de uma política correcta, que iria beneficiar os cidadãos em termos da elevação dos seus níveis de saúde e bem estar e, aqui é que bate o ponto, comunicada de modo suficientemente eficaz para ser entendida pelos cidadãos interessados. Aliás, foi exactamente por a terem entendido que estes se “revoltaram”, pois, na sua maioria, os seus interesses imediatos passam mais por terem uma pseudo - urgência onde possam recorrer quando têm uma dor de cabeça fora de horas, num local onde também seja possível, junto de alguém, minorar a sua solidão ou chamar a atenção sobre a sua tristeza fruto de uma vida sem sentido, do que por um local onde se prestem reais e efectivos cuidados de saúde.

Nada de novo ao cimo da Terra, portanto: cento e cinquenta anos antes tinham-se revoltado contra o fim dos enterros nas igrejas, pois preferiam Deus a uma melhoria das condições de saúde pública.

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