Depois de Liverpool, Aston Villa e Nottingham Forest terem dominado as anteriores edições da antiga Taça do Clubes Campeões Europeus, a 29 de Maio de 1985 trinta e nove pessoas morreram na final entre a Juventus e o Liverpool, no Estádio do Heysel, em Bruxelas, vítimas dos desacatos provocados pelos hooligans ingleses, tendo os seus clubes sido banidos das competições da UEFA por um período de cinco anos e o Liverpool por sete.
A 15 de Abril de 1989, numa meia final da F. A. Cup disputada em Hillsborough, Sheffield, 96 pessoas encontraram a morte, esmagadas e atropeladas pela multidão, vítimas da obsolescência dos estádios ingleses, ainda com os famosos lugares de “peão” atrás das balizas e as célebres grades a separar as bancadas do relvado, e do deficiente controle de entradas, da organização e do policiamento.
Nos anos seguintes, a F.A. fez o que devia fazer: pegou na excelente base que constituía a maior afficíon futebolística do mundo - um desporto com fortes tradições na classe trabalhadora inglesa, uma sociedade de classes talvez como nenhuma outra no mundo desenvolvido - e ampliou-a, em clubes bem organizados e geridos, definiu e implementou medidas radicais "anti-hooliganismo", reconstruiu os estádios segundo as mais modernas regras de conforto e funcionalidade, contratou jogadores e treinadores estrangeiros para tornar o jogo mais de acordo com os padrões continentais e mundiais, organizou o Euro 96 para mostrar ao mundo o que tinha conseguido fazer e vendeu o espectáculo da Premiership, assim redefinido, através da televisões de todo o mundo, beneficiando do domínio da língua, da hegemonia cultural anglo-saxónica e dos restos de influência do império e da Commonwealth. Salvou a indústria.
Hoje, a Premiership tem uma média de ocupação dos lugares vendáveis superior a 95% (não há bons espectáculos, mesmo na televisão, com estádios vazios ou meio cheios), os clubes ingleses atraem investidores e vendem camisolas até no Burkina Faso, há jogos disputados às 12.45h, como o último Chelsea-Manchester United, para poderem ser vistos no Japão e na China ( a UEFA pensa fazer o mesmo com a final da Champions, passando esta a disputar-se num sábado á tarde) e todos nós, para além do nosso clube de origem, somos do United, do Chelsea, do Liverpool, do Arsenal ou até dos mais modestos Everton, Portsmouth e por aí fora.
No dia 21 de Maio, em Moscovo, pela primeira vez a final da Champions ou da sua antecessora Taça dos Clubes Campeões Europeus será disputada por dois clubes ingleses, podendo um deles voltar a ser o Liverpool, entretanto já novamente campeão europeu. De um lado, para além de ingleses estarão portugueses, franceses, holandeses, argentinos, polacos, escoceses, brasileiros, sérvios, galeses e até um coreano. Do outro, logo à noite veremos, mas entre espanhóis, dinamarqueses, marfinenses, ucranianos ou alemães algo de há de arranjar. Na Praça Vermelha, junto ás muralhas do Kremlin e do túmulo do fundador da República dos sovietes, os adeptos das duas equipas beberão cerveja e entoarão livremente os seus cânticos. O mundo, ou pelo menos metade dele, estará parado a assistir, esteja em paz ou em guerra, no Iraque ou na Faixa de Gaza.
God save the Queen!
A 15 de Abril de 1989, numa meia final da F. A. Cup disputada em Hillsborough, Sheffield, 96 pessoas encontraram a morte, esmagadas e atropeladas pela multidão, vítimas da obsolescência dos estádios ingleses, ainda com os famosos lugares de “peão” atrás das balizas e as célebres grades a separar as bancadas do relvado, e do deficiente controle de entradas, da organização e do policiamento.
Nos anos seguintes, a F.A. fez o que devia fazer: pegou na excelente base que constituía a maior afficíon futebolística do mundo - um desporto com fortes tradições na classe trabalhadora inglesa, uma sociedade de classes talvez como nenhuma outra no mundo desenvolvido - e ampliou-a, em clubes bem organizados e geridos, definiu e implementou medidas radicais "anti-hooliganismo", reconstruiu os estádios segundo as mais modernas regras de conforto e funcionalidade, contratou jogadores e treinadores estrangeiros para tornar o jogo mais de acordo com os padrões continentais e mundiais, organizou o Euro 96 para mostrar ao mundo o que tinha conseguido fazer e vendeu o espectáculo da Premiership, assim redefinido, através da televisões de todo o mundo, beneficiando do domínio da língua, da hegemonia cultural anglo-saxónica e dos restos de influência do império e da Commonwealth. Salvou a indústria.
Hoje, a Premiership tem uma média de ocupação dos lugares vendáveis superior a 95% (não há bons espectáculos, mesmo na televisão, com estádios vazios ou meio cheios), os clubes ingleses atraem investidores e vendem camisolas até no Burkina Faso, há jogos disputados às 12.45h, como o último Chelsea-Manchester United, para poderem ser vistos no Japão e na China ( a UEFA pensa fazer o mesmo com a final da Champions, passando esta a disputar-se num sábado á tarde) e todos nós, para além do nosso clube de origem, somos do United, do Chelsea, do Liverpool, do Arsenal ou até dos mais modestos Everton, Portsmouth e por aí fora.
No dia 21 de Maio, em Moscovo, pela primeira vez a final da Champions ou da sua antecessora Taça dos Clubes Campeões Europeus será disputada por dois clubes ingleses, podendo um deles voltar a ser o Liverpool, entretanto já novamente campeão europeu. De um lado, para além de ingleses estarão portugueses, franceses, holandeses, argentinos, polacos, escoceses, brasileiros, sérvios, galeses e até um coreano. Do outro, logo à noite veremos, mas entre espanhóis, dinamarqueses, marfinenses, ucranianos ou alemães algo de há de arranjar. Na Praça Vermelha, junto ás muralhas do Kremlin e do túmulo do fundador da República dos sovietes, os adeptos das duas equipas beberão cerveja e entoarão livremente os seus cânticos. O mundo, ou pelo menos metade dele, estará parado a assistir, esteja em paz ou em guerra, no Iraque ou na Faixa de Gaza.
God save the Queen!
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