sexta-feira, junho 21, 2013

Uma vez mais os "subsídios"

Quem viu ontem a "Quadratura do Círculo" facilmente chega à conclusão que, do ponto de vista contabalístico/matemático, António Lobo Xavier tem razão: se o governo optasse por pagar agora a totalidade do subsídio de férias a funcionários públicos e pensionistas, uma vez que já pagou em duodécimos metade do valor do subsídio de Natal, estes ficariam a ganhar quando comparada a situação com um ano "normal", isto é, com ambos os meses-extra de vencimento recebidos em Junho e Novembro, como era regra. O problema é que, em primeiro lugar, esta argumentação tem todo o ar de ter sido construída "a posteriori" (foi Lobo Xavier, que até nem é membro do governo, a primeira personalidade da área da "maioria" a explicitá-la) e, em segundo lugar, a questão não se limita, nem é na sua essência contabilística, é política, e sendo o governo um orgão de Estado a quem compete fazer política, acabou por se demitir desta sua função essencial dando azo a um sem número de contra argumentações, estas sim, de ordem política, desde o querer "vingar-se" do Tribunal Constitucional, à intenção de chegar a Novembro e, de um ou outro modo, não pagar, passando pelo objectivo bem claro de contrair ainda mais a procura interna (útil ouvir e ler o que Pedro Lains tem dito e escrito sobre o assunto). Pelo caminho indispôs cerca de três milhões de portugueses e colocou a nu as contradições entre vários organismos de Estado, principalmente entre governo e um número não negligenciável de autarquias.

Digamos que politicamente foi um desastre, mas que serve pelo menos para demonstrar de forma clara, agora dito pela voz de Lobo Xavier, a tese dos que defendem, como eu, que é vantajoso para todos - Estado, empregados e empregadores - integrar os chamados 13º e 14º mês no salário anual e pagar este em doze prestações. Existindo aqui base para um consenso (António Costa demonstrou ontem não se opor à ideia e os portugueses não são estúpidos, perceberiam dos benefícios), e até podendo ser deixada a opção às empresas privadas, confesso não entendo as hesitações.

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