Deixemos de lado a greve geral, não por falta de importância ou de matéria, muito menos por desconsideração, mas porque, um pouco por todo o lado, já se disse tudo ou quase tudo sobre o assunto. E deixando de lado a greve geral e os golos de Bruma (amigos "lagartos", vão ver-se "à rasca" para o segurar até que consiga render-lhes bom dinheiro) o momento do dia foi a passagem de Daniel Bessa, economista, professor catedrático e ministro da Economia do governo de António Guterres, pela "Quadratura do Círculo". E porquê? Porque foi não só exemplo acabado de um académico prestigiado(?) que mais não fez do que alinhavar, num discurso, aliás, confuso e incoerente, alguma da vulgata mais primária do ultra-liberalismo, incapaz de um qualquer raciocínio político inteligente e mais aprofundado sobre a actualidade europeia e nacional, como se sujeitou, desse modo, a ser literalmente humilhado (é o termo), quase achincalhado, pela profundidade e capacidade de análise política de José Pacheco Pereira e também, embora em menor grau, de António Costa - que, aliás, até pareciam manifestamente incomodados com a situação gerada. Direi que em função do "curriculum" do convidado foi dos momentos mais penosos a que me foi dado assistir em televisão nos últimos tempos.
Mas a questão não se fica por aqui. Daniel Bessa foi ministro da Economia de um governo socialista, na segunda metade dos anos noventa. E das duas uma: ou mudou desde esse tempo, de forma radical e talvez demasiado rapidamente, a sua visão do mundo e da vida, ou o Partido Socialista tem muito pouco cuidado na escolha dos seus governantes. Isto, claro está, não querendo acreditar que a triste imagem transmitida ontem por Daniel Bessa seja o espelho do estado a que o PS chegou. Não quero mesmo.
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