domingo, junho 23, 2013

Autárquicas: os problemas do PS

Embora me pareça que só teria a ganhar se fosse um pouco mais discreto, compreende-se o afã do PS ao querer transformar as eleições autárquicas num verdadeiro plebiscito ao actual governo. Mas ao manifestar de modo tão evidente esse seu desejo, o PS está também a subir a sua própria fasquia, e só um resultado que se traduza numa votação esmagadora para o partido lhe permitirá apresentar-se como uma forte alternativa governamental. Ora para o conseguir o partido enfrenta desafios complicados:
  1. As eleições autárquicas são fundamentalmente eleições locais, principalmente nas zonas rurais e pequenos aglomerados urbanos, onde, para além da questão partidária ser muitas vezes subalternizada, concorrem muitas listas apartidárias, de cidadãos. Numa conjuntura em que a imagem dos partidos "está pela hora da morte", não custa a crer tais listas possam vir a recolher votação significativa, reduzindo o resultado global do PS.
  2. Muitos dos candidatos apresentados pelo PS, mesmo em zonas urbanas tão importantes como Porto, Matosinhos e Cascais (há outros), estão longe, para não dizer muito longe, de serem minimamente entusiasmantes, mesmo para o eleitorado local mais fiel do próprio partido.
  3. Uma forte abstenção é previsível, o que aumenta o risco de resultados inesperados.
  4. Mostram as sondagens que os socialistas, globalmente, e embora liderando, estão longe de entusiasmarem o eleitorado, o que pode também vir a ter reflexo nos resultados dos principais centros urbanos.
  5. Por último, o PS, ao transformar as eleições autárquicas em nacionais, não só está a passar um género de atestado de incompetência aos seus candidatos, quase os acusando de não serem, por si sós, capazes de mobilizarem o eleitorado, como, em alguma medida, parece passar igual atestado aos cidadãos, sugerindo que talvez estes não sejam capazes de discernir com justeza quais os melhores autarcas para dirigirem o seu concelho ou freguesia.
Digamos que para os objectivos do PS seria bem melhor a ordem das eleições fosse trocada e, assim sendo, o que viria agora mesmo a calhar seriam as europeias. Talvez seja mesmo por isso que o partido mostre tantas dificuldades em se adaptar.

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